A vitória de Donald Trump terá repercussões significativas globalmente e, em particular, para o Brasil. Com uma agenda ambiciosa e maioria no Congresso, o novo governo promete aumentar tarifas de importação, deportar imigrantes ilegais e reduzir impostos corporativos, o que pode gerar inflação e um dólar mais forte, impactando negativamente moedas de mercados emergentes, incluindo a do Brasil. Este é tema de artigo publicado no Valor Econômico e assinado pelo diretor-executivo para as Americas do Eurasia Group, Christopher Garman, e o professor sênior de Agronegócio Global do Insper, Marcos S. Jank.
Segundo os autore, o agronegócio brasileiro pode se beneficiar, como ocorreu durante o primeiro mandato de Trump, quando o Brasil se tornou o principal fornecedor de produtos agrícolas para a China, especialmente em meio à guerra comercial entre os EUA e a China. As exportações brasileiras de soja para a China cresceram substancialmente, enquanto as dos EUA se estabilizaram.
Com a possibilidade de novas tarifas sobre produtos chineses, o Brasil pode ver um aumento nas exportações de carnes e outras commodities, mas isso pode resultar em maior dependência do mercado chinês. Há riscos associados, como a necessidade de diversificação das exportações e a possibilidade de uma barganha bilateral que favoreça produtos agrícolas americanos.
Além disso, uma nova guerra comercial pode desestabilizar o comércio global e reverter décadas de acordos multilaterais. A política de Trump pode também resultar em uma perda de foco em questões ambientais, afetando a agenda climática e a disponibilidade de mão de obra na agricultura nos EUA.
O Brasil, como um dos principais players do agronegócio global, deve monitorar cuidadosamente essas mudanças na geopolítica e adaptar suas estratégias para navegar na nova realidade de forma eficaz.
Íntegra do artigo: Valor Econômico (para assinantes)