Por Cibelle Bouças
A Agrex do Brasil, pertencente à japonesa Mitsubishi Corporation, vai investir aproximadamente R$ 700 milhões na expansão das suas operações de distribuição de insumos, produção agrícola e infraestrutura. Os recursos serão usados na abertura de revendas, ampliação da produção própria de soja e milho, expansão do negócio de sementes e das estruturas de armazenagem. Os planos incluem ainda aquisições de outras empresas.
Esse é o maior investimento realizado pela companhia desde que adquiriu o controle da Los Grobo, em 2013, transformando a Ceagro Los Grobo em Agrex do Brasil.
“A Mitsubishi Corporation está confiante para investir mais e mais na Agrex do Brasil. É um ativo muito importante para garantir a segurança alimentar internacional”, afirma Yoshihiro Enosawa, presidente e CEO da Agrex do Brasil.
No mundo, a Agrex mantém produção no Brasil, nos Estados Unidos e na Austrália — nesta última, por meio da Riverina, empresa com que a Agrex Austrália se fundiu em 2017. A produção é destinada principalmente a Japão, China e Cingapura.
Enosawa, que já comandou as operações australiana e americana, diz que, atualmente, o Brasil é o mercado com maior potencial de expansão para a companhia. “Na nossa ambição de longo prazo, o Brasil se torna cada vez mais importante, porque tem alto potencial para ampliar a produção. Austrália e EUA são mais limitados para expandir o plantio de grãos.”
O executivo afirma que, apesar dos problemas enfrentados pelos agricultores brasileiros na safra 2023/24 em função da quebra da produção e dos preços mais baixos das commodities, a empresa entende que esse ciclo vai passar. E avalia que a tendência de longo prazo é de aumento da produção e melhoria dos rendimentos com a adoção de novas tecnologias no campo.
“Muitos produtores estão endividados e também vemos revendas com problemas no mercado. Mas acreditamos que nosso papel será mais importante ainda para ajudar os clientes a crescerem neste momento”, afirma Kenji Akiyama, diretor de estratégia e planejamento da Agrex do Brasil.
Planos para o futuro
Para a safra 2024/25, a companhia espera um ano mais regular, com níveis de produtividade dentro da média histórica. “Este deve ser um ano bom para as finanças dos nossos clientes. Não será um ano extraordinário, por conta dos preços, mas será melhor que o anterior”, avalia o diretor de operações da Agrex do Brasil, Rafael Villarroel.
A Agrex do Brasil tem receita anual da ordem de R$ 5 bilhões. A companhia produz, origina e comercializa soja, milho e sorgo na região conhecida como Matopiba — confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — , além de Pará, Goiás e Mato Grosso. Também é dona da Dimatre, de sementes de soja, e detém 50% da Fertgrow, de fertilizantes. Em junho deste ano, liderou uma captação de R$ 68 milhões para a Gênica, empresa de insumos biológicos com sede em Piracicaba (SP).
Kenji Akiyama diz que no plano de aquisições estão negócios em áreas novas, como o caso da Gênica, e áreas nas quais a Agrex já atua. “Um dos setores que estamos olhando é o de etanol”, exemplifica. Algumas aquisições já estão em fase de negociação.
A Agrex não divulga quanto origina de grãos no total. Informa apenas que na safra 2023/24 foram 2 milhões de toneladas na região do Matopiba. Parte do volume é produção própria. A empresa tem seis fazendas no Maranhão, Piauí e Tocantins, totalizando 24 mil hectares de soja e pouco mais de 10 mil hectares de milho. “Temos um plano de expansão da área de plantio, mas ainda não temos definição do tamanho da área”, diz Akiyama.
Segundo Rafael Vilarroel, a ampliação virá por meio de arrendamentos. Em relação às sementes de soja, o plano é mais que dobrar a produção em cinco anos. Além da produção própria, a empresa conta com “algumas dezenas” de multiplicadores de sementes no Brasil.
A companhia também vai ampliar o número de revendas. Atualmente, a Agrex possui 22 lojas das bandeiras Agrex e Synagro. De acordo com Akiyama, duas filiais serão abertas em breve. O plano é chegar a cerca de 30 unidades até 2028.
“Também vamos ampliar a estrutura de armazenagem e transbordo”, acrescenta Villarroel. A empresa opera a concessão do lote 4 do terminal ferroviário de Porto Franco (MA) e o transbordo ferroviário no terminal em Porto Nacional (TO), para levar os grãos até o porto de Itaqui, em São Luis (MA), por ferrovias. “Essa logística nos dá competitividade em custo e flexibilidade no recebimento de grãos”, acrescenta Akiyama.
Na semana passada, Yoshinori Nagata, gerente geral do departamento global de grãos, oleaginosas e materiais para rações da Mitsubishi Corporation e outros diretores executivos da Mitsubishi Corporation visitaram a sede da Agrex do Brasil, em Goiânia, para reafirmar a confiança da japonesa no futuro da subsidiária. “Com o aumento da produtividade e exportações robustas, o Brasil reafirma sua posição como líder global na produção agrícola, contribuindo para a segurança alimentar mundial e o desenvolvimento econômico nacional”, afirma Nagata.
Fonte: Globo Rural