RenovaBio: Crédito de descarbonização lastreado em armazenamento de carbono eleva nota das usinas de etanol

O processo de captura, transporte e armazenamento de CO2 no subsolo, ou CCS (captura e armazenamento de carbono em inglês), está previsto na lei da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e pode significar oportunidade para a geração de um maior volume de Créditos de Descarbonização (CBios) e consequentemente de renda para as usinas de etanol. Trata-se de uma atividade que pode gerar negócios avaliados entre R$ 14 e R$ 20 bilhões anuais, com participação significativa do setor da cana.

“O RenovaBio originalmente prevê um bônus de até 20% na nota de eficiência energética para as unidades produtoras de etanol que emitirem CBios lastreados no armazenamento de carbono no solo, permitindo assim a possibilidade da emissão de mais títulos por parte das usinas”, diz o geólogo Milas Evangelista de Souza, ex-Petrobras e um dos princiapis especialistas em CCS no Brasil.

Milas será um dos palestrantes do ‘Carbonless Summit’ – evento marcado para os dias 04 e 05 de novembro na capital paulista, e que destacará as grandes oportunidades de negócios que a atividade de CCS traz para o setor sucroenergético. Com a participação de especialistas do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Europa e Arábia Saudita, o encontro vai examinar temas como a utilização de tecnologias amadurecidas pelo setor de petróleo para viabilizar o armazenamento de carbono e com isso, aumentar ainda mais a redução de emissões atingida pelo uso do etanol.

Potencial em números

O Brasil tem potencial de captura de carbono em torno de 200 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, considerando o nível atual de atividade econômica do País. Segundo a CCS Brasil, co-organizadora do Carbonless Summit junto com a Hidroplan, esse volume significa que o mercado brasileiro de CCS pode movimentar até R$ 20 bilhões anuais.

Já o mercado mundial de CCS deve movimentar cerca de US$ 3,54 bilhões em 2024, com estimativa de atingir US$ 14,51 bilhões em 2032. A projeção é de Mohammed Gad, CEO e fundador da consultoria saudita Technical Development Solutions (TDS), sediada em Riade, capital da Arábia Saudita, especializada no segmento de CCS, que também será palestrante no evento.

O etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil já reduz em até 90% as emissões de gases que contribuem para as mudanças climáticas. Mas essa pegada de carbono pode ser ainda menor, chegando a ser negativa, com a captura e o armazenamento do CO2 gerado durante o processo de produção do biocombustível.

“As mais de 360 usinas que produzem etanol no Brasil têm a oportunidade de fazer do País o líder global nesse mercado, abrindo as portas para o acesso aos créditos de carbono e criando mais uma fonte de receita para as usinas”, explica o geólogo Everton Oliveira, um dos organizadores do evento e presidente da Hidroplan.

A atividade de CCS no setor de etanol pode resultar em ganhos financeiros para as usinas tanto por meio da geração e comercialização de créditos de carbono como também pela certificação do biocombustível como “zero emissor” ou “emissor negativo”. Isso permite que o etanol seja monetizado com ágio em mercados internacionais que valorizam este atributo.
 
“Neste sentido, o Projeto de Lei do Combustível do Futuro chega para estabelecer o marco-regulatório de CCS no país, determinando as diretrizes gerais para a atividade. A nova lei vai dar o arranque definitivo do tema no Brasil, destravando projetos já engatilhados, que avançam agora para a fase de real implantação”, destaca a diretora da CCS Brasil, Isabella Morbach, entidade que participou das discussões técnicas para elaboração da legislação, e que juntamente com a Hidroplan organiza o encontro.

A viabilização do processo de captura e armazenamento do carbono na produção de etanol passa pela utilização de tecnologias desenvolvidas e aperfeiçoadas na extração de petróleo. Os mesmos equipamentos que injetam carbono para auxiliar o bombeamento do petróleo agora estão prontos para aprimorar a sustentabilidade do biocombustível que, cada vez mais, substitui a energia de origem fóssil.

SERVIÇO:
Carbonless Summit
Dias 04 e 05 de novembro de 2024
Auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP)
Avenida Angélica, 2364 – São Paulo, SP

DETALHES E INSCRIÇÕES:
Condições especiais para inscrições feitas até 06 de outubro
https://carbonless.org.br/