Depois de quedas, mercado de CBios vê duas altas seguidas no preço médio

Por Giully Regina

O preço médio dos créditos de descarbonização (CBios), vinculados ao RenovaBio, manteve a tendência de alta na primeira quinzena de setembro. Em comparação com a segunda metade de agosto, houve um aumento de 3%, com os títulos custando R$ 76,70.

O valor atual, entretanto, ainda está 15,9% abaixo da média de 2024, de R$ 91,24, além de ser 13% inferior à média histórica do programa, de R$ 88,14. Os números são resultados de cálculos realizados pelo NovaCana a partir dos dados da bolsa de valores brasileira B3, única entidade registradora do programa.

No período, os CBios foram comercializados entre R$ 74,01 e R$ 80,94. O menor valor foi registrado no dia 3, enquanto o maior foi visto no dia seguinte. Ainda conforme a B3, foram registradas 2,8 mil negociações na quinzena, movimentando 4,69 milhões de créditos.

“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.

Posse dos CBios

No dia 13 de setembro, a B3 fechou a sessão com 29,04 milhões de CBios em circulação. Do total, 57,3%, ou 16,68 milhões de títulos, estavam em posse das distribuidoras com metas a cumprir.

Já as usinas certificadas no programa detinham 11,92 milhões de créditos, o equivalente a 41% do montante. Por fim, os 470,77 mil créditos restantes (1,6%) estavam com investidores sem metas – dentre eles, 41,53 mil CBios estavam em posse de instituições financeiras.

Com isso, os CBios atualmente em circulação seriam suficientes para alcançar 62,6% da meta estipulada para o RenovaBio, que foi atualizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para 46,37 milhões de créditos.

Além do objetivo definido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), de 38,78 milhões de títulos, o valor determinado pela ANP também considera os 7,59 milhões de CBios que não foram entregues em 2023.

Cumprimento das metas

Na primeira quinzena de setembro, 268,62 mil CBios foram retirados de circulação, queda de 58,6% ante os 648,56 mil que foram aposentados no mesmo período de 2023.

Desde o início de abril até agora, 7,76 milhões de CBios saíram do mercado, totalizando 16,7% da meta estipulada para 2024.

Assim, considerando os títulos disponíveis no mercado, as aposentadorias antecipadas – que totalizaram 2,3 milhões de créditos, segundo a ANP – e os que foram retirados de circulação desde abril, o total chega a 39,1 milhões de títulos, ou 84,3% da meta anual.

De acordo com a B3, a mais recente aposentadoria realizada por partes não obrigadas aconteceu em novembro de 2023. Na ocasião, apenas dez títulos foram retirados de circulação.

Emissões

Desde o começo de abril até agora, as unidades produtoras já emitiram 18,87 milhões de créditos. O Itaú BBA acredita que, até dezembro, as usinas devem gerar 31,5 milhões de CBios, e que esta oferta elevada está pressionando o mercado.

Ao longo de 2024, as companhias presentes no programa já escrituraram 29,29 milhões de CBios. De acordo com a ANP, 327 usinas possuem certificações do RenovaBio aprovadas no momento. Destas, três fabricam biometano e outras 37, biodiesel.

Dentre as 287 usinas de etanol certificadas, 274 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; cinco processam cana e milho; sete apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada. Por sua vez, desde o início do programa, em 2020, até agora, 145,51 milhões de créditos foram emitidos pelas usinas.

Fonte: NovaCana