Por Andréia Vital
Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), em entrevista à ISTOÉ, discutiu o papel do setor bioenergético na mitigação das mudanças climáticas. Segundo Gussi, as destilarias brasileiras têm a capacidade de dobrar a produção de etanol, tanto de cana quanto de milho, permitindo que em 15 a 20 anos o Brasil possa abastecer sua frota nacional de 115 milhões de veículos apenas com etanol.
“Nossas usinas terão potencial para substituir totalmente os combustíveis fósseis e obter a descarbonização da indústria automobilística”, afirma Gussi. Ex-deputado federal, Gussi destaca que o etanol evitou a emissão de 660 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera nos últimos 20 anos, poupando o consumidor brasileiro mais de R$ 110 bilhões em comparação com a gasolina.
Em 2023, o Brasil produziu 31,2 bilhões de litros de etanol de cana e 4,3 bilhões de litros de milho. Com mais de 80% da frota de automóveis composta por modelos Flex, o etanol representa entre 40% e 50% do consumo anual de motores de ciclo Otto. Para abastecer 100% da frota nacional, seria necessário dobrar a produção atual de etanol.
A sustentabilidade é uma prioridade para o setor bioenergético. “O etanol reduz em até 90% as emissões quando comparado à gasolina”, ressalta Gussi. Além disso, a produção de energia elétrica e biogás a partir do bagaço da cana contribui significativamente para a matriz energética limpa do Brasil, com produção próxima aos centros de consumo e menores impactos ambientais.
Gussi acredita que, com os estímulos adequados, o setor pode substituir completamente os combustíveis fósseis em 15 a 20 anos. Ele destaca a importância de novas tecnologias e variedades de cana-de-açúcar, que podem aumentar a produtividade e permitir um crescimento sustentável sem desmatamento.
A expansão da produção de etanol traz benefícios econômicos significativos, criando empregos e promovendo o desenvolvimento local. O presidente da UNICA também ressalta a evolução tecnológica do setor, que passou por uma revolução com a colheita mecanizada e a qualificação da mão de obra.
Sobre a alta taxa de juros e os desafios econômicos, Gussi defende a importância de decisões baseadas em análises técnicas profundas. Ele destaca que o diálogo é essencial para resolver questões complexas, como o controle de gastos e a necessidade de investimentos para fomentar a atividade econômica.
A visão do executivo para o futuro do etanol no Brasil é otimista, com potencial para transformar o setor energético e contribuir para a sustentabilidade global. A UNICA continua a investir em inovação e tecnologia para atender à crescente demanda por energia limpa, oferecendo uma alternativa viável aos combustíveis fósseis e impulsionando a descarbonização da economia.
Fonte: Jornal Cana