Por Nayara Figueiredo
A Tereos encerrou a safra 2023/24 no Brasil com um lucro líquido de R$ 719 milhões, após cinco temporadas consecutivas com prejuízos — no ciclo anterior, a companhia teve prejuízo de R$ 516 milhões. A virada na situação financeira foi impulsionada pelos preços do açúcar, pela valorização do dólar, que tornou as exportações mais competitivas, e pelo seu recorde na moagem de cana, de 21,1 milhões de toneladas.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado atingiu R$ 1,9 bilhão na safra, um salto de 70%, e também recorde. A receita líquida foi de R$ 6,7 bilhões, alta de 30%.
“As duas últimas safras foram dedicadas à recuperação de nossa produção, com investimentos no plantio e em melhorias nas práticas agrícolas. A adoção de novas tecnologias e o trabalho das nossas equipes, combinados com uma melhor distribuição das chuvas, nos possibilitou alcançarmos números históricos”, disse Pierre Santoul, diretor-presidente da Tereos Brasil.
“Para a safra que iniciamos agora, projetamos manter a alta produtividade, com números estáveis em relação aos resultados apresentados”, acrescentou.
O executivo destacou que foram feitos investimentos estratégicos que mantêm a empresa na segunda posição de produção de açúcar e que ainda permitem elevar o mix açucareiro dos 67% registrados na safra passada para até 70% nesta temporada.
Em 2023/24, a companhia produziu 1,9 milhão de toneladas de açúcar e, no ciclo atual, há expectativa de ultrapassar os 2 milhões em função do mix de produção.
As condições climáticas atuais configuram um período de neutralidade, com tendência de La Niña até o fim do ano. A maior parte das regiões produtivas do Centro-Sul atravessa uma seca que, segundo Santoul, paralisou o crescimento da cana mais cedo nas lavouras.
“Com certeza, a moagem brasileira [do Centro-Sul] vai ficar abaixo das 590 milhões de toneladas, e o mix não vai crescer do mesmo jeito”, disse o executivo, sobre os impactos do clima para a cultura.
Nesse cenário, o presidente da Tereos no Brasil acredita que a produção de açúcar do Centro-Sul do país pode ficar abaixo dos 40 milhões de toneladas — uma projeção mais cautelosa do que as existentes no mercado, entre 41,5 milhões de toneladas e 42,5 milhões de toneladas. “Se esses 2 milhões de toneladas abaixo do [estimado pelo] mercado acontecerem, como vê a Tereos, vai ter uma retomada positiva de preços no mercado de açúcar”, projetou.
Líder em produção e exportação de açúcar, o Brasil é formador de preço internacional de açúcar e “o único lugar onde poderia acontecer algo positivo ou negativo, capaz de mover o mercado”, ponderou Santoul, já que concorrentes como Índia e Tailândia seguem com safras afetadas pelo El Niño.
Apesar da perspectiva de preços melhores para o açúcar, a Tereos já fixou os valores de exportação para esta safra “já foram todos fixados “”em um nível bem acima do atual” preço de mercado.
Fonte: Globo Rural