Por Por Izabel Gimenez
Vídeos compartilhados pela Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canaoeste) mostram os incêndios de grandes proporções que tem devastado parte das propriedades de Sertãozinho, no interior de São Paulo, desde quinta-feira (24/8).
O clima seco e os ventos fortes fizeram o fogo se espalhar rapidamente em uma área de canavial próxima à Rodovia Armando de Sales Oliveira (SP-322), dificultando o trabalho dos bombeiros e exigindo movimentação rápida dos proprietários das terras.
“Pouco pôde ser feito”, contou à assessoria da Canaoste o produtor Marco Guidi, que viu a camada de húmus na terra de seu canavial ser completamente destruída pelo fogo. “O prejuízo ainda é incerto, mas a área de muda, onde investi R$ 40 mil em adubo líquido, foi perdida. Não perdi só o adubo, mas também as mudas, e agora não sei o que vou plantar no ano que vem.”
Nos sítios São Pedro e São Luiz, de Marcos Paulo Meloni, o cenário é parecido. “A nossa cana estava em palha e, por conta da seca, estava difícil de brotar. Agora, com o fogo, é impossível. Este ano, o custo médio por alqueire foi de R$ 24 mil, e no ano que vem, não sei como será”, lamenta o produtor rural, também de acordo com o divulgado pela Canaoeste.
As investigações seguem em curso para definir as causas das queimadas em áreas rurais do Estado de São Paulo. Mas há quem levante a hipótese de incêndio criminosos. O Grupo Moreno chegou a oferecer uma recompensa para quem fornecer informações sobre possíveis suspeitos
“Atualmente o setor como um todo não mede esforções para o combate aos focos de incêndio, pois além de prejudicar o meio ambiente, causa um enorme prejuízo financeiro”, garante Almir Torcato, gestor executivo da Canaoeste, em nota divulgada pela associação. Assista o vídeo.
Uma das medidas desenvolvidas pela associação e disponibilizada para seus membros é o sistema de monitoramento das áreas via satélite, um plano integrado entre os produtores que utiliza informações das propriedades dos associados e algumas áreas públicas.
Na sexta-feira (23/8), a associação divulgou uma nota repudiando incêndios criminosos que vêm atingindo imóveis rurais da região. O documento reforça que a prática de incendiar canaviais na colheita, comum no passado, foi abandonada e não são provocados pelos produtores e pelas usinas de cana.
O texto enfatiza que os incêndios trazem prejuízos econômicos diretos aos produtores rurais, além de multas mínimas de R$ 1 mil por hectare de cana queimada, podendo chegar a R$ 7.000,00, por hectare de vegetação nativa queimada.
“Quem em sã consciência colocaria fogo em sua própria casa? Sabendo de todos os riscos e prejuízos que podem ocorrer, você atearia fogo em seu próprio canavial?”, questiona o gestor da executivo da Canaoeste.
Fonte: Globo Rural