Por Maria Luiza Filgueiras
A locadora e concessionária de caminhões e máquinas e equipamentos agrícolas Vamos está propondo a seus acionistas uma cisão, que vai resultar na listagem de outra empresa do grupo Simpar, a Automob. Caso aprovada, a operação transforma a Vamos em empresa pura de locação e a Automob fica como concessionária de carro a caminhão na B3.
Os investidores terão os dois papéis em mãos, de duas das maiores empresas de seu respectivo segmento. A nova Automob chegaria à bolsa com faturamento de R$ 12,7 bilhões e Ebitda de R$ 418 milhões.
Não é só uma estratégia do controlador de listar mais uma de suas companhias sem a necessidade de um IPO em um momento desfavorável de mercado. Havia demanda de alguns investidores institucionais da Vamos para que a companhia tivesse atuação focada, o que tende a facilitar a análise de números e projeções.
A operação de concessionárias de caminhões e máquinas agrícolas é o menor negócio da Vamos. Ainda que na receita líquida consolidada, de R$ 6,1 bilhões no ano passado, as concessionárias representem quase 41%, no Ebitda são apenas 3,2%.
Já a Automob é uma empresa de capital fechado, que saltou de R$ 700 milhões em 2020 para R$ 10,4 bilhões em faturamento no ano passado, dado o ritmo acelerado de aquisições – comprou, por exemplo, a concessionária paulistana de carros e motos de luxo Autostar. A empresa tem mais de 120 pontos de venda, de 28 marcas, como BMW, GWM, Toyota, Honda, BY
Atualmente, 79,4% do capital da Automob é detido pela Simpar e o restante está nas mãos de sócios de concessionárias adquiridas, que tiveram parte do pagamento em ações.
Além de composição em ações, há um pagamento de R$ 1 bilhão da cindida Vamos Concessionárias à Simpar por 35,49% da Automob para acertar essa equação. Esse montante não sairia do caixa da Vamos, adicionando alavancagem à companhia, mas é emissão dívida da empresa nova, cuja alavancagem líquida ficaria em torno de 2,7 vezes o Ebitda.
A Simpar ficaria, ao fim, com 64,12% da concessionária. Os minoritários originais da Automob ficam com 14,49% da nova empresa listada e os minoritários da Vamos com 21,39%. Na governança da nova Automob, listada no Novo Mercado, seguiria como CEO Antonio Barreto, que era o VP de M&A da Simpar e foi quem liderou as aquisições da concessionária nos últimos anos. Na Vamos, Gustavo Couto segue como CEO.
As duas companhias têm o mesmo controlador, que a princípio não fica impedido de votar – mas já decidiu se abster em operações anteriores. Foram quatro transações relevantes até hoje entre partes relacionadas, ou seja, envolvendo as empresas de mesmo grupo. Três delas foram aprovadas por unanimidade pelos minoritários e a primeira, feita em 2011, f
Morgan Stanley assessora a Simpar e BTG Pactual assessora a Vamos. Um comitê independente foi definido, neste domingo, para a operação, formado por Augusto Marques Filho, Flávio Valadão e Maria Fernanda Teixeira.
No cronograma estimado, a transação pode estar finalizada ainda este ano. A Simpar passaria então a ter quatro controladas na B3: a empresa de logística JSL, a locadora de veículos leves Movida, Vamos e Automob. A holding, que por sua vez é controlada pela família Simões, também é listada, avaliada hoje em R$ 4,6 bilhões – menos que a soma das partes. O grupo controla ainda outras quatro empresas fechadas, a CSinfra, Ciclus, BBC e CSBrasil.
Fonte: Globo Rural