Por Raphael Salomão
As empresas de grande porte no agronegócio se mantêm na vanguarda de uso de tecnologias de campo, de gestão e de análise de dados de suas operações. Mas ainda há espaço para ampliar essa utilização no setor, especialmente pelas empresas de menor porte. Essa é a conclusão de uma pesquisa da Totvs, empresa do setor de tecnologia que fornece soluções operacionais e de administração.
A companhia fez uma pesquisa com 350 executivos de empresas do agro com faturamento mínimo de R$ 20 milhões sobre produtividade tecnológica e digitalização. Entre as empresas grandes, 58% informaram ter sistemas de processamento de dados em tempo real. Nas empresas consideradas “médias a grandes”, são 44%; nas médias, 15%; e nas pequenas, 36%.
Fabrício Orrigo, diretor de produtos agro da Totvs, diz que a explicação para essa diferença vai além do tamanho das empresas. Tem a ver também com estrutura, acesso a recursos e a existência de processos mais estabelecidos.
“Quando as empresas começam a ter um porte maior, passam a ter processos mais estruturados, e se torna uma necessidade ter controles, gestão e compliance. Os sistemas vêm ajudar em tudo isso. Nas de menor porte, os investimentos acabam se concentrando na produção, como porta de entrada, para, depois, ir para a gestão”, afirma.
Com uma maturidade tecnológica maior, as grandes companhias podem influenciar as demais e, assim, contribuir com a digitalização em todo o agronegócio, na visão da Totvs. Os desafios, de acordo com Orrigo, são diversos. Um deles, é cultural, que tende a ser vencido à medida que a gestão das empresas passe por uma mudança geracional.
Outro desafio é como atender um setor diversificado, como a agropecuária. O executivo diz acreditar que um caminho é a segmentação. Um mesmo sistema voltado para a cana-de-açúcar, por exemplo, poderia abranger usuários de vários portes e perfis na cadeia produtiva. O mesmo poderia ocorrer em outras áreas.
“Um cliente mais complexo vai utilizar todos os módulos do sistema. Outro vai usar menos módulos, porque não tem uma operação que demanda um controle maior”, explica.
E há também desafios relacionados à conectividade, em dois aspectos específicos. Um deles é o acesso à internet, que embora esteja avançando, ainda é um gargalo no campo. A Associação ConectarAGRO estima que a proporção de imóveis rurais conectados no Brasil é de 43,8%. Outro aspecto é interconectar as informações geradas pelas diversas soluções.
“As empresas de maior porte já estão à frente nesse sentido porque já têm ferramentas mais robustas ou trabalham com fornecedores de sistemas integrados. Para as menores, a integração dos sistemas ainda é um desafio grande”, diz Orrigo.
A Totvs tem negócios nas áreas de crédito, performance de negócios e gestão — segmento que atende clientes do agronegócio. Seus clientes atuam em bioenergia, originação e beneficiamento. Segundo Orrigo, o segmento cresce acima das metas.
Fonte: Globo Rural