
A UFV entregou ao setor sucroenergético brasileiro duas novas variedades de cana-de-açúcar: a RB977526 e a RB077210, que foram desenvolvidas no âmbito do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar (PMGCA) e têm, entre suas características, colheitabilidade, longevidade de socaria (rebrotamento após o primeiro corte) e tolerância às principais doenças desta cultura agrícola.
Elas foram apresentadas no evento de Liberação Nacional de Variedades da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), na quarta-feira (22), em Ribeirão Preto (SP), junto a outras 16 novas variedades — conhecidas como RB — desenvolvidas por seis universidades federais que integram a Ridesa.
O reitor da UFV e vice-presidente da Rede, Demetrius David da Silva; o professor do Departamento de Agronomia e coordenador do PMGCA, Márcio Henrique Barbosa, e outros pesquisadores da Universidade participaram do momento, que reuniu autoridades, especialistas e lideranças do setor e também abordou as demais pesquisas e ações que a Ridesa tem realizado para o avanço e sustentabilidade da agricultura nacional.
Em geral, os ganhos ao adquirir uma nova variedade — melhorada geneticamente em relação às atualmente cultivadas — são maior produtividade, maior resistência a estresse hídrico e doenças e maior período útil de industrialização. Mas cada uma tem qualidades próprias.
Especificamente a RB977526 e a RB077210, de acordo com o professor Márcio Henrique, “potencializam sua produtividade se colhidas em meados de safra”. Em outras palavras: atingem seu melhor ponto — com melhor qualidade e maior rendimento — na metade do ciclo produtivo, que é quando a colheita é indicada. O coordenador do PMGCA também explicou que a RB977526 tem “ótima performance” em regiões mais quentes, e a RB077210, em regiões de maior altitude e solos mais férteis.
Durante o evento, Ricardo Augusto de Oliveira, pesquisador da Ridesa e professor da Universidade Federal do Paraná, exibiu dados do Censo Varietal Nacional de 2024/2025 que mostram que 56% da cana-de-açúcar plantada no Brasil foram desenvolvidas pela Rede. Em sua fala, a UFV destacou-se duas vezes: em menções à RB867515 — lançada comercialmente em 1998, é uma das três mais cultivadas pelas usinas e produtores do país.
E menções à RB127825 — que foi lançada em 2023 e teve o maior índice de expansão dentre todas as recentemente liberadas tanto pelas universidades federais quanto por outras instituições de pesquisa. “Tais números mostram o sucesso da Ridesa para o desenvolvimento do setor, que contribuiu sobremaneira para a matriz energética mais limpa do Brasil”, o professor Márcio Henrique ressaltou.
A Ridesa já disponibilizou às usinas e produtores brasileiros 116 variedades de cana-de-açúcar, priorizando produtividade, teor de açúcar, colheitabilidade e resistência a pragas e doenças. Desde 1990, elas são resultados de estudos conduzidos pelas 10 universidades federais que integram a Rede — a liberação de uma nova variedade demora de 10 a 15 anos —, em mais de 300 bases de pesquisa e por meio de parcerias público-privadas. Novas variedades são avaliadas e validadas, por exemplo, por meio de experimentos em terras de empresas e associações de produtores parceiros da Rede.
Considerando todo o histórico da Ridesa e a atuação da UFV, o reitor Demetrius salientou que o evento desta quarta-feira celebrou a importância e a força da ciência, das universidades federais e das parcerias que estas estabelecem com os diversos setores produtivos, contribuindo com o desenvolvimento do país. O reitor inclusive destacou a presença de representantes do governo federal e de agências de fomento à pesquisa nas atividades do dia.
Segundo o presidente da Ridesa, o reitor da Universidade Federal de Alagoas, Josealdo Tonholo, esta foi a maior liberação de variedades já feita pela Rede, “o que destaca a competitividade do setor sucroenergético brasileiro, que representa 11% do PIB nacional”.