Tradicional usina de açúcar e álcool encerrará atividades na Zona da Mata com mais de mil demissões

Usina Jatiboca em Urucânia (MG) – Foto: Reprodução Youtube da Usina Jatiboca

Fundada em 1920, a Usina Jatiboca, produtora de açúcar e álcool em Urucânia, na Zona da Mata mineira, vai encerrar as atividades em breve. Com o fim das operações mais de mil pessoas serão demitidas, o que trará um impacto significativo para a economia da região.

A empresa centenária já avisou os colaboradores que fechará as portas. A princípio, os trabalhos seriam interrompidos no dia 31 deste mês, mas o prazo foi adiado para 10 de novembro para que os detalhes das rescisões possam ser negociados com os funcionários. Os empregados realizaram um protesto nesta semana após a fabricante informar, inicialmente, que pretende pagar o acerto trabalhista de forma parcelada.

A Usina Jatiboca emprega, diretamente, em torno de 1.100 pessoas, oriundas de vários municípios da Zona da Mata. Esse número considera a entressafra da cana-de-açúcar, subindo para quase dois mil durante a safra. Mais da metade do quadro de pessoal da companhia trabalha no campo, enquanto o restante fica na planta industrial.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Urucânia (STRU), José Luiz da Anunciação, afirma que há trabalhadores rurais que dedicaram a vida à empresa e já estavam prestes a se aposentar, porém, agora podem ter que trabalhar por mais tempo.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação de Ponte Nova e Outros Municípios (SITIAPM), Júlio César Rodrigues da Silva, diz que a região tem mercado para os trabalhadores da indústria, porém, não consegue absorver todos de uma vez e com um grande volume de profissionais disponíveis, a mão de obra pode perder valor.

Indiretamente, a companhia gera aproximadamente cinco mil postos de trabalho. A renda de centenas de arrendatários de terras e fornecedores de cana-de-açúcar depende da empresa, que também movimenta a economia regional com a injeção de milhões de reais por mês.

Possibilidade de venda da unidade

As justificativas apresentadas pela Usina Jatiboca aos sindicatos que representam os trabalhadores para o encerramento das operações são as dificuldades enfrentadas com relação à disponibilidade da matéria-prima para a produção do açúcar e do álcool, além de obstáculos com a falta de mão de obra na região, sobretudo para o trabalho no campo.

Há tempos circulavam rumores entre os colaboradores de que a fábrica poderia parar ou ser vendida, contudo, a empresa negava. “Dessa vez, informaram que já tinham feito um cronograma de encerramento das atividades e que seria mais viável encerrar e acertar com todo mundo do que correr risco de ter uma safra que dê mais prejuízo sem garantia de manter todos os funcionários e que terão dinheiro para pagar”, afirma Silva.

Segundo o presidente do SITIAPM, a companhia chegou a dizer ao seu sindicato de que tinha interessados em comprar a usina, no entanto, as negociações não avançaram. Nesse sentido, o presidente do STRU ressalta que um dos acionistas disse ao seu sindicato que ainda tem investidor interessado, entretanto, os demais acionistas não querem vender.

Conforme Anunciação, um encontro está sendo articulado para tentar reverter a situação e encaminhar uma venda. Ele diz ter pouca esperança, mas vê uma luz no fim do túnel. Procurada, a Usina Jatiboca não retornou aos contatos da reportagem do Diário do Comércio até a publicação desta matéria.

Por Thyago Henrique

Fonte: Diário do Comércio