Terras raras e etanol de milho devem entrar nas próximas negociações entre Brasil e EUA

Caminhão de mineração – Foto: Divulgação/Vale

Com o anúncio da redução das tarifas norte-americanas sobre diversos produtos, além dos esforços diplomáticos dos países, especialistas analisam a medida como um meio de aumentar a popularidade do governo com o público interno, principalmente com a derrota de republicanos, partido de Donald Trump, nas recentes eleições para governadores de estados democratas.

Assim como em qualquer país no mundo, indicadores econômicos tendem a ser um termômetro de popularidade do governo ocupante perante a população. Com a aproximação de eleições parlamentares no próximo ano, o recuo por parte de Trump na questão das sobretaxas é visto como um reconhecimento de que a política tarifária estava pressionando os preços e um aceno à população.

O economista Ricardo Buso explica que o valor da inflação é um tópico delicado para os americanos, com uma tolerância muito pequena em variações no aumento desse indicador. Em entrevista ao Conexão Record News desta sexta-feira (21), ele relembra que a alta nos preços no país após a pandemia causaram uma queda da popularidade do governo de Joe Biden, o que auxiliou na não eleição de sua indicada à presidência, Kamala Harris, em 2024.

Com o índice em 2,9% ao ano neste primeiro ano do governo Trump, ele destaca que o tarifaço auxiliou nessa alta, o que justifica o recuo: “A popularidade é um problema sério com inflação. E o tarifaço, desde o começo, foi indicado, ele fez isso já sob um ambiente de inflação e essa consequência era previsível. Então ele só está retirando algo que já era anunciado, que não se sustentaria”.

Negociações com o Brasil

Além de ajudar o cenário interno, os países afetados pelas tarifas se sentem mais aliviados com as reduções das sobretaxas. No entanto, como no caso brasileiro, alguns setores continuam no regime aplicado pelo governo americano em agosto deste ano, como os produtos manufaturados, que perdem competitividade com as tarifas.

O economista menciona que, nos itens que ainda possuem restrições, será o momento em que o governo americano colocará na mesa de negociações seus interesses com o Brasil. Na lista de itens que podem ser discutidos estão as terras raras, etanol de milho e outras demandas relevantes para Washington tanto internamente como no cenário global.

Já a terceira etapa de negociações envolve as sanções a autoridades brasileiras, o que ele vê como um ponto mais delicado de consenso: “É muito complicado o governo americano simplesmente retirar e dar um atestado de que banalizou um instrumento desse calibre. Essa é a negociação mais difícil ainda”.

Fonte: Portal R7