Tarifas de reciprocidade contra EUA impactam combustíveis e petroquímica, com efeitos sobre a inflação, diz BTG

Petroquímica – Foto: David Ryder/Bloomberg

Por Gabriela Ruddy

O mercado de combustíveis no Brasil está sujeito a uma pressão inflacionária caso  o governo brasileiro siga em frente com a ideia de responder às taxas dos Estados Unidos com a Lei de Reciprocidade Econômica, aponta um relatório do BTG Pactual assinado pelos analistas Luiz Carvalho e Gustavo Cunha. 

O cenário teria impacto sobretudo no diesel, já que os EUA são um dos principais fornecedores de derivados para o Brasil. O presidente Donald Trump dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de 50% sobre a importação de todos os produtos brasileiros na quinta-feira (9/7). 

Em resposta, o presidente Lula (PT) afirmou que “qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da lei brasileira de reciprocidade econômica”. A adoção de tarifas de retaliação pode aumentar os custos de importação e reduzir a competitividade de empresas locais do segmento de combustíveis, segundo o BTG. 

Além disso, o Brasil vai precisar aumentar as compras de derivados de outros supridores, como a Europa e a Índia, que têm custos logísticos e operacionais mais altos, e da Rússia, que tem maior exposição a riscos no mercado global, devido à sanções internacionais.

“Isso pode aumentar a pressão inflacionária nos preços e margens ao longo da cadeia de refino e distribuição, em um momento em que o Brasil já opera com um déficit estrutural em produtos refinados”, dizem. 

O impacto também é ruim para a cadeia da petroquímica, dado o déficit de U$ 8 bilhões na balança comercial desse setor no Brasil em relação aos EUA. No ano passado, os estadunidenses exportaram US$ 10,4 bilhões em produtos petroquímicos para o Brasil, com destaque para polietileno. Ao todo, 77% das importações brasileiras de polietileno em 2024 tiveram origem nos EUA. 

Os analistas apontam que o Brasil pode ter dificuldades de encontrar fornecedores alternativos para esse produto, pois supridores na Ásia e no Oriente Médio têm dificuldades logísticas e comerciais. “Caso o Brasil aplique as tarifas retaliatórias sob a lei de reciprocidade econômica, o impacto nas cadeias de suprimentos nacionais poderá ser significativo”, dizem. 

Espaço para diálogo

Entretanto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que vê espaço para negociações, dadas as respostas do secretário do Tesouro ao governo brasileiro quando as taxas anteriores foram debatidas. Em abril, os EUA haviam aplicado tarifas de 10% sobre os produtos brasileiros. 

Fonte: Eixos