Semana de alta nas bolsas globais reflete recuperação de mercados agrícolas

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DE OLHO NO BIODIESEL – BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (28/04 a 02/05/2025)

A semana foi marcada pela continuidade da valorização das bolsas mundo afora, com destaque para o S&P 500, registrando alta por nove pregões consecutivos pela primeira vez desde 2004. A redução das tensões da guerra comercial entre Estados Unidos e China teria sido a causa principal. Além disso, o relatório de empregos de abril dos EUA, o ‘payroll’, veio mais forte do que o esperado, o que reduziu os temores de que o país estaria a caminho de uma recessão.

Com o alívio do cenário externo, no Brasil, o dólar à vista fechou em baixa de 0,38% na sexta-feira (02/05), a R$ 5,6549, encerrando a semana em queda de 0,58%.

O levantamento da Safras & Mercado aponta que a colheita de soja 2024-2025 do Brasil atingiu 92% de avanço, acima dos 88,9% registrados no mesmo período do ano passado, e da média dos últimos cinco anos, que foi de 91,4%. A colheita está quase concluída nas regiões Centro-Oeste (CO) e Paraná (PR), enquanto o Rio Grande do Sul (RS), atingiu 63% e Santa Catarina (SC), 80%, ambos superando o ritmo do ano passado.

No entanto, segundo a análise da Centro Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), apesar da produção nacional confirmar um novo recorde, os volumes ficarão abaixo das expectativas iniciais, impactados por perdas severas no RS e no Mato Grosso do Sul (MS).

Já na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que a colheita da safra 2024-2025 continua atrasada, atingindo 14,5% de avanço, abaixo da média dos últimos cinco anos, que é de 31%, mas manteve sua estimativa de produção em 48,6 milhões de toneladas.

Segundo a Agrinvest, a margem de esmagamento da soja no Brasil deteriorou significativamente em abril e deve continuar negativa em julho e agosto, consequência da queda do preço do farelo, estabilidade do óleo e basis da soja no interior, acima do ano anterior, mesmo com safra maior. A soja deve continuar a ser negociada acima da paridade de exportação, especialmente no Mato Grosso (MT), e deve se fortalecer ainda mais em decorrência da concentração de compras chinesas. A negociação dos contratos de biodiesel para o terceiro bimestre do ano registrou uma queda importante nos fees, o que pode incentivar a venda do óleo para exportação, dando suporte aos basis no interior.

O contrato de jul/25 de óleo de soja negociado na CBOT fechou em 49,43 cents/libra na sexta-feira (02/05), apresentando desvalorização de 0,8% na semana, enquanto o prêmio de jun/25 do óleo de soja em Paranaguá subiu 120 pontos, fechando a semana em -3,8 cents/libra. Desta forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá registrou valorização de 1,8%, fechando a semana a US$ 1.006/ton.

Segundo levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel na semana registrou uma liquidez muito baixa, movimentando um volume de 1.166 m³, redução de 57,0% em relação à semana anterior, registrando um preço médio de R$ 5.619/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS (0,9%).

As entidades Instituto Combustível Legal (ICL), o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) investiram R$ 1,3 milhão para a doação de cinco espectrofotômetros para a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com o intuito de reforçar a fiscalização do controle da mistura do biodiesel no diesel.

O Ministério de Minas e Energia (MME) ajuizou ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para suspender liminares que beneficiam distribuidoras inadimplentes com o programa Renovabio, após regulamentar a lei 15.082/2024, que impede fornecedores de atenderem distribuidoras na lista de inadimplentes. A ação cita seis empresas, mas visa estabelecer um precedente contra a judicialização.

Segundo a ANP, existem liminares reversoras de 38 decisões da agência, envolvendo 21 distribuidores e 10,9 milhões de CBIOs, evitando R$70,5 milhões em multas. A Associação Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (ANDC) defende que o Renovabio necessita de reformas para não se tornar mecanismo de concentração de mercado, enquanto grandes distribuidoras apoiam a nova lei, alegando combater concorrência desleal.

Não tivemos a atualização dos dados do levantamento de preços da ANP até o momento da elaboração desse boletim. Para a semana, será importante aguardar as informações relativas à contratação de biodiesel para o terceiro bimestre do ano.