
A produção de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil acelerou ao longo de setembro, permitindo uma recuperação parcial do atraso observado no início da safra. A produtividade média mensal apresentou avanço em relação ao mesmo período do ciclo anterior. Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), até a segunda quinzena de setembro foram processadas aproximadamente 490 milhões de toneladas de cana, volume 3,0% inferior ao registrado no mesmo período da safra passada.
Mesmo diante da menor disponibilidade de matéria-prima, a produção de açúcar manteve-se em patamares estáveis. Isso foi resultado do avanço do mix açucareiro, que atingiu 52,7% no acumulado até setembro — recorde histórico para o setor. Esse movimento reflete as fixações antecipadas realizadas por grande parte das usinas, já que nas últimas semanas, com a queda nos preços do açúcar, a produção de etanol hidratado se tornou mais atrativa em muitas regiões produtoras.
Até 24 de outubro, os preços domésticos do açúcar registraram média mensal de R$ 2.022/t, abaixo dos níveis historicamente praticados. Esse comportamento acompanha a expectativa de um superávit na safra global 2025/26, estimado pela FG/A em cerca de 7 milhões de toneladas, diante do aumento de produção projetado para o Brasil e para a Índia.
O início da safra global 2025/26, no ciclo outubro-setembro, ocorre em cenário promissor para Índia e Tailândia. Na Índia, as chuvas acumuladas nos últimos meses chegaram a 1.524 mm, 38% acima da média histórica, enquanto na Tailândia o volume superou em 17% a média dos últimos dez anos.
Se o açúcar enfrenta pressão com expectativa de superávit global, no mercado de etanol o cenário é distinto. A menor disponibilidade do biocombustível ao longo da safra atual tem sustentado expectativas de valorização dos preços durante o período de entressafra.
A FG/A projeta que, para garantir uma paridade média de 68% entre o etanol hidratado e a gasolina no estado de São Paulo — nível compatível com a disponibilidade na safra — será necessário que a paridade supere 70% nos próximos meses. Essa tendência já começa a se confirmar: após meses operando ao redor de 66%, a paridade superou os 67% em outubro, refletindo a menor oferta e a maior competitividade do etanol frente à gasolina.
De acordo com dados mais recentes da ANP, referentes a setembro, as vendas de combustíveis seguem aquecidas, reforçando a sustentação dos preços. A estimativa da FG/A aponta para uma disponibilidade de cerca de 19 milhões de m³ de etanol hidratado na safra atual. Considerando os volumes de venda até o momento, seria necessária uma forte desaceleração no ritmo de comercialização para que o equilíbrio entre oferta e demanda seja atingido, o que corrobora a perspectiva de apreciação dos preços.
O principal fator de risco para os produtores é a possibilidade de um reajuste nos preços da gasolina A pela Petrobras, diante da queda recente tanto nos preços internacionais do petróleo quanto na taxa de câmbio. Em outubro, a defasagem da gasolina A em relação à paridade internacional atingiu R$ 0,27/litro.
Ainda assim, a recente aprovação de um aumento de R$ 0,10/litro no ICMS da gasolina C, com vigência a partir de janeiro de 2026, tende a ampliar a competitividade do biocombustível.
Fonte: Revista RPA News
 
								 
					 
					 
					 
					 
					