Safra 2026/27 aponta margens apertadas com açúcar barato e oferta recorde de etanol

A safra 2026/27 deve pressionar a rentabilidade do setor sucroenergético. Rabobank e StoneX projetam margens comprimidas diante de açúcar em mínimas recentes, oferta elevada de etanol e expectativa de queda no ATR, apesar de um possível avanço na produtividade.

Segundo Andy Duff (Rabobank), uma safra volumosa no Centro-Sul tende a manter o açúcar internacional estagnado e ampliar a oferta doméstica de etanol, reforçando a pressão sobre preços. Ele afirma que o maior volume não compensará a redução das cotações, somando-se a fatores já negativos: câmbio menos favorável e juros elevados.

A StoneX concorda. Para Rafael Borges, a queda das cotações internacionais reduziu significativamente a receita das usinas, e a próxima safra pode superar 36 bilhões de litros de etanol, com margens do etanol de milho até três vezes maiores que as do etanol de cana. Custos agrícolas elevados e renovações de canavial limitadas seguem como ponto crítico.

A valorização do real reduz custos de insumos, mas também a remuneração do açúcar exportado. Duff observa que parte das empresas chega mais sólida, após desalavancagem e investimentos nos últimos anos, mas Borges alerta que preços internacionais abaixo de US¢ 15/lb colocam muitas unidades no limite. Para o etanol, ele projeta preços próximos ou abaixo de R$ 3,00/L no pico da safra.

O impacto deve alcançar os fornecedores: o Consecana-SP deve cair para R$ 1,00–1,05/kg ATR, estima Duff. A fixação para 2026 segue lenta após a combinação de queda em Nova York e valorização do real levar os preços aos menores níveis em cinco anos.

Nos investimentos, replantio e tratos culturais permanecem obrigatórios, mas projetos de expansão tendem a ser adiados, em meio à taxa de juros elevada. Duff também aponta dificuldades em fusões e aquisições, com maior distância entre expectativas de preço.

No mercado global, Rabobank e StoneX veem fundamentos baixistas, embora fatores como eventual mudança no mix, saída temporária do Brasil das exportações no 1º tri de 2026, possível déficit global e clima nas grandes origens possam alterar o quadro.

Fonte: Visão Agro