Por Camila Souza Ramos
A Raízen escolheu o município de Jataí, em Goiás, para erguer uma nova unidade de produção de etanol de segunda geração (E2G), feito da palha e do bagaço da cana-de-açúcar. O investimento, de R$ 1,2 bilhão, será o primeiro da companhia em etanol celulósico fora do Estado de São Paulo.
O aporte faz parte do pacote de investimentos já anunciados em 2022, que foi viabilizado depois que a empresa fechou um acordo de fornecimento de longo prazo naquele mesmo ano, em euros, para sua acionista Shell.
A construção será anexa à usina da Raízen no mesmo município, e a previsão é que a unidade comece a operar em 2028. A empresa espera gerar 168 empregos diretos e cerca de mil indiretos nas obras da planta.
Até então, todas as unidades industriais de E2G anunciadas pela Raízen eram anexas a usinas paulistas. A companhia aposta que a maior demanda pelo produto renovável está no mercado externo, especialmente na Europa, onde há mais clientes em busca de biocombustíveis com baixa pegada de carbono e que não competem com a produção de alimentos.
A Raízen também já sinalizou ao mercado estar otimista em relação à demanda pelo produto por parte de países como Estados Unidos e do Japão.
As duas plantas de E2G que a Raízen tem hoje em operação estão em Piracicaba (SP), ao lado da Usina Costa Pinto, e em Guariba (SP), anexa à Usina Bonfim, inaugurada neste ano. Há mais duas unidades em construção — anexas à Usina da Barra, em Barra Bonita (SP) e na Usina Univalem, em Valparaíso (SP). Essas duas unidades deverão começar a operar já na próxima safra (2025/26), que começa em abril.
Até o momento, a Raízen anunciou que irá construir nove plantas de E2G. Todas as novas fábricas têm capacidade somada de produção de 82 milhões de litros por ano. A companhia já divulgou a investidores que poderia produzir até 1,6 bilhão de litros de etanol celulósico a partir de sua produção agrícola existente.
Os investimentos anunciados têm a venda de sua produção acertada antecipadamente, até como forma de garantir a captação de financiamento para bancar a construção das novas plantas. Em 2022, a Raízen firmou um acordo com a Shell que prevê o fornecimento de etanol celulósico por um período de dez anos, num contrato de 3,3 bilhões.
Além de já ter acertado a venda dos volumes de produção futura, a Raízen também assegurou em seus contratos um preço mínimo de venda do E2G — que podem ser maiores caso o valor no mercado spot (à vista) estejam mais altos que o acordado.
Quando realizou a oferta inicial de ações (IPO), a Raízen prometeu aos investidores que construiria 20 plantas de E2G com apoio dos R$ 6,9 bilhões em recursos captados com os investidores, além de plantas de produção de biogás.
“A nova planta de E2G é mais um passo da companhia em ações de inovação e investimento em energias limpas e renováveis, atendendo as demandas globais por soluções mais limpas, além de incentivar o desenvolvimento da economia local”, afirmou Francis Queen, vice-presidente de Açúcar e Renováveis da Raízen, em comunicado.
A empresa aposta no uso do etanol celulósico não só como combustível substituto renovável da gasolina, mas também como insumo de baixa pegada de carbono para a produção de plástico verde, por exemplo. O E2G pode ainda ser matéria-prima com menor intensidade de carbono para a fabricação de combustíveis de aviação e marítimo.
Fonte: Globo Rural