
Por Camila Souza Ramos
Os produtores de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) da Ásia que usarão etanol como matéria-prima e colocarão seus projetos para rodar a partir de 2028 já estão começando a negociar no Brasil os primeiros contratos de fornecimento do biocombustível, segundo Pedro Paranhos, CEO da Evolua Etanol.
“Temos participado diretamente das negociações. A Copersucar sempre foi uma líder em exportação, tem equipe especializada e escala que os consumidores demandam, além de certificação [para vender etanol para SAF]. Estamos muito bem posicionados para atender os contratos”, afirmou o executivo.
Os termos das negociações ainda estão em fase de definição. Segundo Paranhos, as refinarias que têm os mandatos de uso do SAF “estão tentando entender como conseguem ter um preço baseado no Brasil e como conseguem ter um preço de venda [do SAF] para as companhias aéreas”.
A prioridade das refinarias é buscar fornecimento de etanol com certificação de baixa intensidade de emissão de carbono. “Com o tempo, a intensidade de carbono deve se transformar em um prêmio de mercado”, afirmou.
Para fornecer etanol para SAF, as usinas que produzem o biocombustível precisam ter a certificação das agências autorizadas pelo CORSIA, programa da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) para a redução e compensação de emissões de gás carbônico de voos internacionais.
A região da Ásia e Pacífico é, hoje, a que tem mais projetos de construção de indústrias de SAF à base de etanol (rota chamada de ATJ, ou alcohol-to-jet) previstos no mundo. Entre os projetos mais conhecidos estão o das japonesas Mitsui e Taiyo Oil e o da Jet Zero Australia, que utiliza tecnologia da LanzaJet. Atualmente, só há uma planta de SAF com a rota ATJ em operação no mundo, da LanzaJet, no Estado da Geórgia, nos Estados Unidos.
Analistas internacionais concordam que o etanol deve ser uma das principais matérias-primas para a produção de SAF no mundo, mas acreditam que ele ainda ficará atrás dos óleos vegetais (rota “HEFA”), que são mais abundantes e têm uma tecnologia de processamento mais barata.
Fonte: Globo Rural