
O índice de poder de compra pelos produtores rurais dos Estados Unidos atingiu, neste ano, o pior nível desde 2010, segundo análise do Rabobank, com uma queda na capacidade de aquisição de fertilizantes, especialmente o MAP (fosfato monoamônico), como um sinal de alerta para o setor agrícola do país. A queda reflete o impacto de preços mais altos e margens mais apertadas para os produtores.
O índice recuou para -0,28 nos Estados Unidos, sinalizando deterioração no poder de compra dos produtores em relação aos insumos. Globalmente, o índice está em -0,40, enquanto no Brasil a queda é mais moderada, com -0,15. O indicador compara o preço dos fertilizantes com a receita obtida por produtores na venda de grãos, como milho e soja. Valores negativos indicam menor capacidade de compra em relação à média histórica.
Segundo o analista de insumos do banco, Bruno Fonseca, no entanto, os impactos mais significativos sobre a produção devem ser sentidos apenas no ano que vem, já que grande parte dos insumos da safra atual foi adquirida antes da intensificação das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. “Eles estão passando por um período de margem apertada também. Mas o custo de produção tinha sido formado antes de qualquer tarifa”, explica.
O risco, segundo o analista, é de que o agravamento das tensões comerciais, com foco em países fornecedores como Rússia, China e Índia, afete diretamente o acesso a fertilizantes e químicos em 2026. “Se continuarem com essas tarifas, o produtor americano pode voltar a ter que comprar um produto mais caro”, afirma Fonseca.
Ele destaca ainda que, além dos fertilizantes, os insumos químicos também são motivo de preocupação, já que a produção global está concentrada justamente nos países que estão sendo alvo das medidas comerciais. “A produção de químico é majoritariamente China e Índia. Então, essas tarifas podem gerar um problema maior de abastecimento e custo”.
Com isso, a expectativa é de que os custos de produção aumentem novamente no próximo ciclo. “A gente caminha para o produtor americano ter um custo de produção ainda mais alto na próxima safra do que ele teve agora”, conclui Fonseca.
Fonte: Globo Rural