Produtores aceleram compra de insumos para plantar área recorde na safrinha

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Por Tatiana freitas

Depois de um início tardio devido ao atraso das chuvas, o plantio da soja foi finalizado dentro da janela ideal na maioria das regiões produtoras no Brasil, abrindo caminho para uma promissora safrinha de milho.

O preço do milho no mercado interno subiu cerca de 30% neste segundo semestre devido à alta demanda pelo cereal, segundo o indicador do Cepea, estimulando os produtores a aumentar a área plantada e acelerar a compra de insumos nas últimas semanas.

O produtor está mais otimista do que no ano passado. A situação financeira é totalmente diferente”, diz Jeferson Souza, analista especializado no mercado de insumos da Agrinvest. “Saímos de um prejuízo em agosto e hoje temos um cenário de lucratividade média para o agricultor”, acrescenta.

O milho para entrega entre julho e setembro do próximo ano está sendo negociado entre R$ 47 e R$ 50 a saca em Sorriso (MT), bem acima dos valores praticados no mesmo período do ano passado, entre R$ 42 e R$ 45 a saca, observou Fábio Meneghin, sócio da Veeries, em um recente post no LinkedIn. “Espera-se um aumento significativo na área plantada”, diz.

Para a Agroconsult, uma das consultorias mais respeitadas quando o assunto é previsão de safra, a área de milho safrinha deve subir 5%, atingindo 17,8 milhões de hectares, um novo recorde. Esse aumento será mais do que suficiente para compensar a redução na área de milho na primeira safra de 10%, ou 400 mil hectares.

“Ao fechar o calendário de plantio da soja dentro da janela ideal, vimos uma aceleração na venda de insumos para a safrinha”, disse André Pessôa, fundador da Agroconsult, durante evento promovido recentemente pela Anec, associação que representa os exportadores de soja e de grãos.

Segundo levantamento da Agrinvest, as compras de sementes e de fertilizantes para a safrinha de milho já ultrapassam 70% do total previsto, o que representa um avanço de oito a dez pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado.

Os preços do milho estão tão atraentes que alguns produtores já venderam parte da produção que será plantada em 2026 e colhida apenas em 2027, segundo a Agrinvest.

Produção

A expansão da área plantada deve resultar em uma produção de 107,3 milhões de toneladas de milho na segunda safra, um crescimento de 5%, considerando que a produtividade média deve permanecer praticamente estável, segundo a Agroconsult. A estimativa da consultoria é 12 milhões de toneladas superior à da Conab, que no mês passado projetou a safrinha de milho em 95 milhões de toneladas.

Apesar do cenário otimista, ainda é preciso contar com a ajuda do clima. Depois do atraso inicial no plantio da soja, os produtores correram para ainda terem um período adequado para semear o milho. Isso resultou numa grande concentração de área de soja que precisará ser colhida em um curto espaço de tempo.

“Vamos ter um volume extraordinário para tirar do campo no Brasil central entre 25 de janeiro e 25 de fevereiro. Se tivermos clima chuvoso por 15 dias, podemos ter um problemão”, diz Pessôa. “Temos colheitadeiras suficientes para tirar a soja do campo rapidamente, mas não sei se teremos secadores suficientes em caso de chuva na colheita.”

O excesso de umidade pode causar problemas de qualidade na soja e descontos nos pagamentos aos produtores. Além disso, um período mais extenso de chuvas pode atrasar o final da colheita e, consequentemente, o plantio do milho safrinha que acontece logo na sequência.

O preocupante é que a previsão é exatamente de uma colheita chuvosa. A maior parte do Brasil, incluindo os principais estados produtores de milho safrinha como Mato Grosso e Paraná, terá chuva acima da média em fevereiro, segundo  Celso Oliveira, especialista em clima e tempo da Safira Energia e colunista do The AGriBiz .

Por enquanto, no entanto, a janela para o milho ainda é vista como favorável. Como as áreas que devem receber o cereal na segunda safra já estão ocupadas pela soja, a Agroconsult consegue estimar qual percentual dessas áreas estão sob um elevado risco climático: apenas 7%. A maioria (72%) enfrenta um baixo risco climático, enquanto 21% têm um risco climático médio.

Fonte: The AgriBiz