A indústria automotiva brasileira ultrapassou nesta semana a marca de 2 milhões de veículos produzidos em 2025, segundo dados divulgados pela Anfavea. O volume representa um crescimento de 6% no acumulado do ano em relação ao mesmo período de 2024 – mas os números mais recentes indicam que o setor enfrenta dificuldades para manter o ritmo.
Programa Carro Sustentável elevou as vendas em 24%
Nos últimos três meses, o desempenho perdeu força. Após crescer 7,2% no primeiro trimestre e 2,9% no segundo, os emplacamentos recuaram 0,4% entre julho e setembro. O varejo de veículos nacionais acumula queda de 8,1% no ano, resultado que seria ainda mais negativo sem o programa Carro Sustentável, cujos modelos participantes tiveram alta de 24% nas vendas.
Nem os importados escaparam da desaceleração. Em setembro, os emplacamentos também diminuíram. A exceção veio dos modelos chineses, que atingiram novo recorde pelo terceiro mês consecutivo, com mais de 18 mil unidades registradas.
Exportações vão bem, mas tarifas da Colômbia preocupam Anfavea
Apesar da fraqueza no mercado interno, as exportações continuam sendo o principal motor da indústria. De janeiro a setembro, os embarques somaram 430,8 mil autoveículos, um salto de 51,6% em comparação com 2024. O bom desempenho, contudo, pode ser ameaçado por fatores externos.
A Colômbia, terceiro maior destino dos veículos brasileiros, encerrou o acordo bilateral e passou a aplicar um Imposto de Importação de 16,1% a partir de outubro. O impasse preocupa o setor, já que as negociações diplomáticas ainda não garantiram uma solução.
Outro ponto de atenção é a desaceleração da economia mexicana, que vem reduzindo o ritmo de compras – o México é o segundo maior mercado para os automóveis nacionais. Com isso, a dependência do mercado argentino aumenta significativamente.
Argentina puxa o crescimento com alta de 130,6% nas exportações
A Argentina, aliás, tem sido a grande aliada do setor em 2025. As exportações para o país mais que dobraram em comparação com o ano passado, com alta de 130,6%. Esse volume expressivo tem sido fundamental para sustentar o crescimento de 6% na produção acumulada, compensando parte da fraqueza do mercado doméstico.
Mesmo com o cenário internacional favorável em alguns destinos, a indústria automotiva brasileira entra no último trimestre sob cautela. A combinação de queda nas vendas internas, desafios logísticos e incertezas comerciais externas indica que manter o ritmo atual será uma tarefa difícil – e o setor deve depender, mais uma vez, do fôlego das exportações para fechar 2025 com saldo positivo.
Por Redação – Guia do Carro
Fonte: Portal Terra
