
DE OLHO NO BIODIESEL BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (22/09 a 26/09/2025)
A produção brasileira de biodiesel atingiu um novo recorde em agosto, com 924,5 mil m³, representando um crescimento de 5,5% em relação a julho (876 mil m³). O novo patamar, anunciado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foi impulsionado pela implementação do mandato B15. Todas as regiões brasileiras registraram aumento na produção em comparação ao mesmo período de 2024, com destaque para a Região Sul (377,3 mil m³, maior entre todas as regiões) e a Norte (crescimento de 52,1%). Com base na tendência atual, os fabricantes devem ofertar cerca de 9,8 milhões de m³ em 2025, superando os 9,07 milhões de m³ produzidos em 2024.
As vendas de diesel B atingiram 6 milhões de m³ em agosto, representando queda de 1,8% em relação ao mesmo período de 2024, após terem registrado recorde histórico em julho (6,3 milhões de m³). A redução foi influenciada principalmente pelo fim do período de colheita do milho safrinha, que diminuiu o transporte de grãos. No acumulado anual de janeiro a agosto, as vendas totalizaram 45,7 milhões de m³, volume 2,3% superior ao mesmo período de 2024.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também anunciou uma projeção de crescimento de 3,7% na área plantada com soja no Brasil para a safra 2025/26, totalizando 49,08 milhões de hectares, o que deve resultar em uma nova safra recorde de 177,67 milhões de toneladas (alta de 3,6% versus o ciclo anterior). O aumento é impulsionado pela demanda global crescente da oleaginosa, tanto para esmagamento na alimentação animal quanto para produção de biocombustíveis. Mato Grosso, principal produtor nacional, terá expansão de 3,1% na área plantada (13,13 milhões de hectares), enquanto as novas fronteiras agrícolas apresentarão crescimentos mais expressivos: Pará (11,2%), Bahia (9,4%), Tocantins (7,4%) e Maranhão (6%).
Segundo a Conab, mesmo com preços internos pressionados, desafios de rentabilidade, juros e custos mais altos, a soja mantém “elevada liquidez e retorno atrativo aos produtores”, consolidando a posição do Brasil como maior produtor mundial da commodity.
O óleo de soja enfrentou uma semana volátil marcada principalmente pelas mudanças nas políticas de exportação da Argentina. Após o governo argentino anunciar, na segunda-feira (22), a isenção total das taxas de exportação para soja e seus subprodutos até 31 de outubro, os preços despencaram, atingindo o menor patamar desde junho. A medida, que visava conter a desvalorização do peso argentino, foi tão efetiva que a meta de arrecadação de US$ 7 bilhões foi atingida em apenas dois dias, levando ao retorno das tarifas de 24,5% para o óleo de soja. Durante o período de isenção, compradores chineses contrataram cerca de 20 carregamentos de soja argentina (aproximadamente 1,3 milhão de toneladas), intensificando as preocupações dos produtores americanos.
O mercado opera em ambiente predominantemente baixista, pressionado por múltiplos fatores: as indefinições da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) sobre transferência de metas de renováveis, expectativas de ampla oferta com a colheita americana iniciando, e principalmente, a ausência de acordo comercial entre EUA e China. Mesmo com o fim das isenções argentinas trazendo algum alívio, as incertezas sobre importações chinesas e a falta de compras do mercado chinês da soja americana mantêm a pressão sobre os preços.
O óleo de palma também sofreu pressão significativa durante a semana, fechando cotado a US$ 1.042,0/t, com desvalorização de 1,1%, na segunda semana consecutiva de perdas. O principal fator de pressão veio da competição com o óleo de soja argentino mais barato durante o período de isenções, levando a Índia, maior importadora mundial de óleo de palma, a comprar 300 mil toneladas de óleo de soja da Argentina – o maior volume registrado em apenas dois dias. Além disso, dados da Indonésia mostraram aumento de 2,2% nos estoques em comparação a julho de 2024, superando pela primeira vez os níveis de 2024, no comparativo mensal.
Como pontos de apoio, a produção malaia apresentou queda de 4,26% nos primeiros 20 dias de setembro, e há expectativas de possíveis isenções tarifárias americanas para commodities não produzidas nos EUA, além de potencial adiamento das leis antidesmatamento da União Europeia.
O contrato de dezembro/2025 do óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês) encerrou em 50,19 cents/libra na sexta-feira (26/09), apresentando desvalorização de 0,85% na semana. O prêmio de novembro/2025 do óleo de soja em FOB Paranaguá ficou estável, fechando a semana em 0,40 cents/libra. O flat price do óleo de soja FOB Paranaguá fechou em US$ 1.115,32/ton, praticamente em linha com a semana anterior.

No levantamento realizado pela SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel teve na semana um volume de vendas de 2.410 m³, aumento de 50% em relação à semana anterior, com os destaques para os estados da Bahia e Mato Grosso com volumes comercializados de 1.000 m³ e 700 m³. O preço médio apurado na semana foi de R$ 6.026/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, com desvalorização de 2,8% em relação à semana anterior.

Segundo reportagem publicada pelo Globo Rural, as empresas da cadeia de soja no Brasil planejam investir R$ 5,9 bilhões nos próximos 12 meses, valor 2,4% superior aos R$ 5,76 bilhões anunciados anteriormente, segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Desde o início de 2025, já foram desembolsados R$ 4,5 bilhões, adicionando 15 mil toneladas por dia à capacidade de processamento.
Os investimentos previstos devem adicionar mais 8,1% à capacidade instalada (18,8 mil t/dia), elevando a capacidade total para 250,4 mil toneladas de soja por dia, ou 82,6 milhões de toneladas anuais. O crescimento é impulsionado pela demanda firme por óleo de soja para biocombustíveis – com o B15 recém-implementado e perspectiva de B16 em 2026, e pela crescente demanda externa por farelo de soja.
Entre os principais projetos estão a segunda planta da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo) em Palmeiras de Goiás-GO (R$ 1,3 bilhão), a esmagadora do Grupo Potencial, em Lapa-PR (R$ 1,7 bilhão), e plantas do grupo Olfar, em Porangatu-GO (R$ 702 milhões) e da Agrodanieli, em Tapejara-RS (R$ 250 milhões). O número de empresas no setor cresceu 11,9% para 75, com 127 plantas industriais ativas (+12,4%).
Segundo o levantamento realizado entre 15 e 21/09 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do biodiesel negociado entre usinas e distribuidores ficou em R$ 5.861,24, valorização de 0,54% em relação ao valor médio da semana anterior. As maiores variações foram na região Norte com uma desvalorização de 1,05% e a Sul com uma valorização de 1,30%. O mercado acumula uma redução de 7,40% no ano.