
O Rabobank divulgou sua atualização mensal sobre o mercado de cana-de-açúcar, em estudo conduzido por Andy Duff, analista setorial da commodity. Segundo o banco, até o final de julho a moagem no Centro-Sul na safra 2025-2026 alcançou 306 milhões de toneladas, o que indica que mais da metade da colheita já foi realizada. As estimativas atuais apontam para um volume final abaixo de 600 milhões de toneladas, reforçando a percepção de uma safra menor do que a anterior.
Os números também mostram um nível relativamente baixo de ATR por tonelada de cana, com a média acumulada até julho 4,6% inferior ao valor registrado no mesmo período de 2024. Outro dado relevante é o recorde na destinação da cana para a produção de açúcar, que ultrapassou 54% na segunda metade de julho. Esse movimento reflete o esforço de usinas que investiram nos últimos anos em ampliar a capacidade de cristalização, aproveitando as condições mais favoráveis do mercado internacional.
Enquanto os preços do açúcar no mercado físico vêm se mantendo estáveis, o etanol apresentou valorização mesmo em plena safra. De acordo com o Rabobank, esse cenário está ligado à elevação da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina, que subiu de 27% para 30% a partir de 1º de agosto, além das perspectivas de menor oferta no ciclo atual. Com a moagem total projetada abaixo de 600 milhões de toneladas e maior direcionamento da cana para o açúcar, a produção de etanol deve alcançar apenas 3,5 bilhões de litros em 2025-2026, cerca de 4 bilhões a menos que no ciclo 2024/25.
O ponto de maior incerteza agora está na gasolina. Caso os preços internacionais de energia sigam em queda e o câmbio permaneça estável ou até se valorize frente ao dólar, pode haver espaço para novas reduções no preço doméstico do combustível, o que impactaria diretamente a competitividade do etanol no mercado interno.
Por Leonardo Gottems
Fonte: Agrolink