A previsão de vendas de veículos em 2025, que inclui carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, foi revisada para baixo pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A entidade, que representa concessionários de todo o país, divulgou nesta quinta-feira (2) que espera agora um crescimento de 2,6% nos emplacamentos, abaixo da projeção anterior de 4,4%. A revisão ocorre em um momento de desaceleração do mercado de autos e comerciais leves, enquanto caminhões e ônibus seguem em tendências distintas.
O panorama da revisão da Fenabrave
De acordo com a entidade, a principal mudança ocorreu nas expectativas para automóveis e comerciais leves, que antes tinham projeção de alta de 5% em 2025 e agora foram ajustados para um crescimento mais modesto de 3%. Já os caminhões permanecem com projeção de queda de 7%, refletindo a fraqueza no setor de transporte de cargas, enquanto os ônibus continuam com previsão positiva de crescimento de 6%, sustentados pela demanda de renovação das frotas urbanas.
A decisão de rever as projeções é baseada no desempenho registrado em setembro de 2024 e no acumulado do ano. No mês de setembro, as vendas somaram 243.265 unidades, alta de 2,94% em relação ao mesmo período de 2023 e crescimento de 7,96% sobre agosto. Já no acumulado até setembro, foram emplacados 1,91 milhão de veículos, um aumento de 2,79% em comparação com 2024.
Fatores que influenciaram a revisão
A revisão da previsão de vendas de veículos em 2025 pela Fenabrave não ocorreu de forma isolada. Diversos fatores macroeconômicos e setoriais impactaram a análise, levando a ajustes nas expectativas. Entre eles, estão o comportamento da renda das famílias, as taxas de juros, os níveis de confiança do consumidor e os gargalos de crédito.
Juros e crédito mais restritos
O financiamento continua sendo uma das principais formas de aquisição de veículos no Brasil. No entanto, os juros elevados e a maior seletividade das instituições financeiras têm dificultado a aprovação de crédito, especialmente para consumidores de baixa renda. Essa realidade impacta diretamente os segmentos de carros e comerciais leves.
Inflação e poder de compra
Outro ponto relevante é a persistência da inflação em determinados setores, que compromete o orçamento das famílias. Embora os índices tenham mostrado desaceleração, o poder de compra ainda está fragilizado, levando muitos consumidores a adiar a troca de veículo ou optar por modelos mais baratos.
Impactos no setor de caminhões
No caso dos caminhões, a projeção de queda de 7% reflete a combinação de fatores econômicos e regulatórios. A atividade econômica mais fraca, aliada a custos elevados de transporte e combustíveis, reduz a demanda por renovação de frota. Além disso, mudanças na legislação de emissões e aumento nos preços de modelos novos também influenciam o recuo.
Ônibus em trajetória positiva
Na contramão, o setor de ônibus deve crescer 6% em 2025. A demanda é impulsionada pela renovação de frotas urbanas e pela recuperação gradual do transporte coletivo em grandes cidades, que busca modernizar veículos e reduzir emissões de poluentes. O segmento também é beneficiado por programas de incentivo e investimentos em mobilidade urbana.
Desempenho do mercado em 2024 como base da revisão
Os dados de 2024 ajudam a compreender as razões para o ajuste da Fenabrave. Entre janeiro e setembro, os emplacamentos totalizaram 1,91 milhão de unidades, crescimento de 2,79% sobre o mesmo período do ano anterior. Apesar do avanço, a expansão ficou aquém das expectativas iniciais, evidenciando um mercado mais cauteloso.
Evolução das vendas mensais
- Janeiro a março: desempenho tímido, impactado pelo crédito restrito
- Abril a junho: leve recuperação, mas com oscilações
- Julho a setembro: crescimento moderado, sustentado por promoções de montadoras e feirões
Essa trajetória confirma a dificuldade em manter um ritmo de expansão mais robusto, justificando a revisão da previsão de crescimento.
Segmentação detalhada das projeções para 2025
A Fenabrave detalhou suas projeções para cada segmento, evidenciando os diferentes desafios e oportunidades no mercado automotivo.
Carros e comerciais leves
- Previsão anterior: +5%
- Nova previsão: +3%
- Motivos: crédito restrito, queda na confiança do consumidor, inflação
Caminhões
- Previsão mantida: -7%
- Motivos: retração na atividade econômica, custos elevados, legislação de emissões
Ônibus
- Previsão mantida: +6%
- Motivos: renovação de frota, incentivos governamentais, investimentos em mobilidade
Expectativas do setor automotivo para 2025
Embora a revisão indique menor crescimento, o setor automotivo mantém projeções de estabilidade e aposta em recuperação gradual ao longo do ano. O desempenho será fortemente influenciado por medidas de estímulo à economia e pela evolução da taxa de juros.
Estratégias das montadoras
As montadoras devem intensificar promoções, aumentar a oferta de veículos de entrada e apostar em modelos híbridos e elétricos para atrair consumidores. A busca por alternativas de financiamento mais acessíveis também será central.
Tendência de veículos sustentáveis
O mercado de veículos híbridos e elétricos continua em expansão e pode representar uma parcela maior das vendas em 2025. Incentivos fiscais e programas de sustentabilidade podem acelerar essa tendência, especialmente nos grandes centros urbanos.
Perspectiva para exportações
Outro fator que pode contribuir é o desempenho das exportações, em especial para países da América Latina. Se a economia regional se recuperar, a produção brasileira poderá ser beneficiada, ajudando a compensar parte da demanda interna mais fraca.
Importância da revisão para o setor
A revisão da previsão de vendas de veículos em 2025 pela Fenabrave é um alerta para o mercado automotivo. O ajuste não significa retração, mas um crescimento mais modesto, exigindo estratégias adaptadas e maior atenção ao cenário econômico. Para concessionários, montadoras e consumidores, o dado serve como termômetro das perspectivas do setor.
Um crescimento mais cauteloso para 2025
A previsão de vendas de veículos em 2025 revisada para baixo pela Fenabrave reflete um mercado em busca de estabilidade em meio a desafios econômicos e sociais. Enquanto carros e comerciais leves enfrentam limitações de crédito e consumo, os caminhões sofrem com retração da atividade, e os ônibus seguem em rota de crescimento graças à mobilidade urbana. O setor automotivo, embora enfrente obstáculos, continua sendo um pilar da economia brasileira e deve se reinventar diante do novo cenário.
Fonte: Seu Crédito Digital
