Preços do óleo de soja sobem forte em Chicago com mudanças nos mandatos americanos

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DE OLHO NO BIODIESEL – BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (09/06 a 13/06/2025)

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima a estimativa da safra de soja 2024-2025, aumentando a projeção para 169,6 milhões de toneladas, um novo recorde. Esse total seria um crescimento de 14,8% em relação à safra anterior e 8,9% superior ao recorde de 2022-2023.

As exportações também foram ajustadas para 106,24 milhões de toneladas, enquanto os estoques aumentaram significativamente para 4,83 milhões de toneladas. No entanto, com a manutenção do percentual de biodiesel no diesel em 14%, ainda sem o aumento para 15%, os volumes destinados ao esmagamento foram de 56,15 milhões de toneladas, com uma redução de 903 mil toneladas.

A safra apresentou produtividades excepcionais, superando as estimativas iniciais em quase todos os estados graças às condições climáticas favoráveis, com vários estados alcançando recordes de produtividade. Mato Grosso se destacou ao ultrapassar 50 milhões de toneladas colhidas com produtividade de 3.971 kg/ha, enquanto a produtividade média nacional atingiu 3.562 kg/ha, superando o recorde anterior.

As exceções foram Mato Grosso do Sul (MS), afetado por irregularidades nas chuvas, e Rio Grande do Sul (RS), que novamente enfrentou veranicos durante o ciclo da cultura. A colheita já alcançou 99,8% da área semeada, restando apenas áreas pontuais no Maranhão (MA) e Pará (PA).

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) também revisou suas projeções e manteve a produção mundial de soja em 426,8 milhões de toneladas, mas ajustou os estoques finais globais para cima, de 124,3 milhões para 125,3 milhões de toneladas. Para o Brasil, foi mantida a projeção de 175 milhões de toneladas com exportações estáveis em 112 mi/t e leve alta nos estoques finais para 34,29 mi/t.

Os Estados Unidos permaneceram com produção estimada em 118 milhões de toneladas sem alterações no esmagamento e exportações, enquanto a Argentina manteve produção estável em 48,5 mi/t. A China, maior importadora mundial, preservou a estimativa de produção em 21 mi/t e importações em 112 mi/t.

Segundo a agência Reuters, as importações de óleo de palma da Índia atingiram 593 mil toneladas em maio de 2025, o maior volume em seis meses, impulsionadas pelos baixos estoques domésticos. Estes chegaram ao menor nível desde julho de 2020, em 1,33 milhão de toneladas, em função do desconto do óleo de palma em relação aos óleos de soja e girassol.

As importações totais de óleos vegetais da Índia, maior compradora mundial do setor, subiram 33% em maio para 1,19 milhão de toneladas, incluindo aumentos de 10,4% no óleo de soja para 398.585 toneladas, e de 1,9% no óleo de girassol, para 183.555 toneladas. Analistas projetam que as importações de óleo de palma podem aumentar ainda mais em junho para cerca de 850 mil toneladas, sustentadas pela vantagem de preço e pela redução pela metade do imposto básico de importação sobre óleos brutos, para 10%.

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) propôs mandatos recordes de biocombustíveis para 2026-2027, exigindo que refinarias misturem 5,61 bilhões de galões em diesel de biomassa em 2026 e 5,86 bilhões em 2027, representando aumentos de 67% e 75% respectivamente, em relação aos 3,35 bilhões exigidos em 2025. A proposta também inclui uma mudança significativa que reduziria pela metade os créditos RIN (Número de Identificação Renovável) para biocombustíveis estrangeiros e aqueles produzidos com matérias-primas estrangeiras, visando aumentar a demanda agrícola doméstica e reduzir a dependência de insumos, como óleo de cozinha chinês e sebo brasileiro. O mercado reagiu imediatamente, com alta nos contratos futuros de óleo de soja e valorização dos créditos RIN. A proposta ainda deve passar por consulta pública antes da finalização, com expectativa de conclusão antes de novembro.

Outro fator para a alta dos preços do óleo de soja foi a disparada do petróleo na sessão de sexta (13/06) em função da escalada do conflito entre Israel e Irã. O contrato do Brent para agosto na ICE subiu 7,02%, a US$ 74,23 por barril, enquanto o contrato WTI para julho na Nymex avançou 7,26%, a US$ 72,98 por barril. Na semana, o Brent registrou ganhos de 11,6%, enquanto o WTI avança 13%.

O contrato de julho/25 de óleo de soja negociado na Chicago Board of Trade (CBOT, na sigla em inglês) fechou em 50,61 cents/libra na sexta-feira (13/06), apresentando valorização de 6,55% na semana, enquanto o prêmio de julho/25 do óleo de soja em Fob Paranaguá caiu 250 pontos, fechando a semana em -3,50 cents/libra. Desta forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá registrou uma valorização de 1,31%, fechando a semana a US$ 1.039/ton.

No levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel na semana movimentou um volume de 3.927 m³, aumento de 1,3% em relação à semana anterior, registrando um preço médio de R$ 5.316/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, com uma valorização de 6% em relação à semana anterior. Com a iminência de início das negociações para a contratação para o quarto bimestre, o volume de ofertas no mercado spot foi mais reduzido que nas semanas anteriores.

O consumo de diesel no Brasil caminha para um novo recorde em 2025, com projeção de atingir 70,5 bilhões de litros, representando um crescimento de 2,2% em relação a 2024, segundo relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Este aumento é impulsionado pela retomada da atividade industrial, boas perspectivas para a safra agrícola com expectativa de novo recorde na produção de grãos, crescimento da ocupação formal e reduções nos preços do combustível promovidas pela Petrobras. O crescimento da demanda é mais acentuado nas regiões Centro-Oeste, por causa do escoamento da safra agrícola, e Sudeste, onde a produção industrial mostra sinais de recuperação, com destaque para o diesel S-10 que registrou alta de 6,5% no período analisado.

Segundo o levantamento realizado entre 02/06 e 08/06 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio negociado entre usinas e distribuidores ficou em R$ 5.399, com uma desvalorização de 1,1% em relação ao valor médio da semana anterior. A região Sudeste caiu 1,8% e a região Centro-Oeste subiu 1,4%. No entanto, o mercado total acumula uma redução de 14,7% no ano.

Para a semana será importante acompanhar a evolução do conflito no Oriente Médio e a continuidade da queda de braços entre Governo e Congresso sobre as alternativas ao aumento do IOF. No mercado de biodiesel espera-se que tenha início a rodada de negociações para a contratação para o quarto bimestre do ano.