Preços do óleo de soja em Chicago apresentam forte queda na semana

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DE OLHO NO BIODIESEL – BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (26/05 a 30/05/2025)

A última sessão dos mercados, em maio, foi bastante volátil em meio ao aumento das tensões comerciais entre EUA e China, com Donald Trump afirmando que chineses não cumpriram o acordo firmado no início do mês na Suíça e as negociações não avançaram. No Brasil, a crise entre o Congresso e o Governo por causa do aumento do IOF foi mais um fator que favoreceu a alta do dólar, que fechou em alta de 0,93%, a R$ 5,7195, subindo 1,28% na semana e avançando 0,76% em maio.

O Dow Jones fechou em leve alta de 0,13%, aos 42.270 pontos; o S&P 500 ficou estável (-0,01%), aos 5.912 pontos; e o Nasdaq terminou em queda de 0,32%, aos 19.134 pontos. No mês, o Dow ganhou 2,31%; o S&P acumulou alta de 3,96% e o Nasdaq avançou 6,32%.

O óleo de soja na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês) registrou forte queda na sexta-feira (30/05), fechando com variação mensal negativa de -4,25%, pressionado principalmente por dois fatores: as especulações sobre possíveis isenções (waivers, nome em inglês) para pequenas refinarias americanas no cumprimento do Volume Obrigatório de Mistura (RVO) e a reversão dos cortes na produção de petróleo pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). A Casa Branca avalia conceder isenções retroativas que permitiriam que até 1,36 bilhão de galões de biodiesel deixem de ser misturados ao diesel, o que na prática, reduziria o volume efetivo de mistura dos atuais 4,625 bilhões de galões previstos para 2026 de volta ao patamar atual de 3,3 bilhões de galões, frustrando as expectativas de crescimento de 2 milhões de toneladas no esmagamento projetadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês).

Paralelamente, a OPEP+ anunciou que oito países membros começarão a reverter parte dos cortes voluntários de produção a partir de julho, elevando a oferta global de petróleo em 411 mil barris por dia mensalmente. Segundo a Agrinvest, o aumento na oferta de petróleo tende a estreitar o spread de preços entre combustível fóssil e biodiesel, reduzindo os incentivos econômicos para as refinarias investirem no blend de diesel renovável e pressionando ainda mais os preços do óleo de soja. Apesar das incertezas no mercado doméstico americano, a competitividade do óleo americano nas exportações se mantém firme, com o programa de exportação ultrapassando 1 milhão de toneladas.

A safra de soja 2024-2025 no Rio Grande do Sul (RS) foi drasticamente afetada pela seca, com a colheita praticamente encerrada registrando produtividade de apenas 1.957 kg/ha, uma queda de 38,4% em relação ao esperado inicialmente. A média nacional ficou em 3.536 kg/ha com produção total estimada em 168,3 milhões de toneladas segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O mercado da soja segue travado e cauteloso em todo o país, com preços variando entre R$ 108,71 a R$ 136,00 por saca dependendo da região e modalidade de pagamento, refletindo um cenário de baixa liquidez e rentabilidade limitada, especialmente no Mato Grosso do Sul (MS). No Mato Grosso (MT) os fretes estão em alta por causa da safra histórica e problemas de capacidade de armazenagem que não acompanharam o ritmo de expansão da produção.

O contrato de julho/25 de óleo de soja negociado na CBOT fechou em 46,89 cents/libra na sexta-feira (30/05), apresentando desvalorização de 2,46% na semana, enquanto o prêmio de julho/25 do óleo de soja em Paranaguá ganhou 280 pontos, fechando a semana em -2,0 cents/libra. Desta forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá registrou uma leve valorização de 0,8%, fechando a semana a US$ 990/ton.

Elaboração: SCA Brasil

No levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel na semana movimentou um volume de 2.392 m³, redução de 46,1% em relação à semana anterior, registrando um preço médio de R$ 5.318/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, ligeiramente acima da semana passada (0,9%). Os distribuidores têm relatado que esperam que a queda vista no preço do óleo de soja chegue aos preços do biodiesel para aumentarem os volumes das compras no spot.

Elaboração: SCA Brasil

A União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) se reuniram com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para discutir o aumento da mistura obrigatória de biodiesel no diesel, que deveria ter alcançado 15% (B15) em março de 2025. As associações solicitaram a implementação do B15 ainda no segundo semestre, enquanto aguardam uma decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que deve se reunir entre junho e julho para discutir tanto o biodiesel quanto o aumento da mistura de etanol na gasolina para 30% (E30).

Na quinta-feira (29/05), as distribuidoras associadas ao Instituto Combustível Legal (ICL) cobraram a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a publicação da lista de sanções contra distribuidoras inadimplentes no programa RenovaBio. A ANP alegou que ainda precisa regulamentar os novos dispositivos que permitem o bloqueio das atividades de empresas que não cumpriram suas metas de aquisição de créditos de descarbonização (CBIOs).

Existem mais de 170 processos administrativos abertos na ANP desde 2020, com 21 distribuidoras conseguindo liminares judiciais que anularam 38 decisões da agência, totalizando 10,9 milhões de CBIOs não adquiridos, levando o Ministério de Minas e Energia (MME) a ajuizar ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para suspender essas liminares e fortalecer o cumprimento das obrigações ambientais do programa.

Segundo o levantamento realizado entre 19 e 25 de maio pela ANP, o preço médio negociado entre usinas e distribuidores ficou em R$ 5.426, com uma valorização de 1,0% em relação ao valor médio da semana anterior. Todas as regiões tiveram valorização, exceto a região Centro-Oeste (-0,2%), com destaque para a região Sul (+2,7%). No entanto, o mercado acumula uma redução de 14,3% no ano.