Preços do óleo de soja disparam em Chicago com possibilidade de volta de créditos tributários

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DE OLHO NO BIODIESEL – BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (21/04 a 25/04/2025)

O principal destaque da última semana foi a disparada do óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês), encerrando a semana com alta de 3,0% e no mês, 9,7%. O principal motivo para a disparada nos preços foi a reapresentação de uma Lei de Incentivos ao Combustível no Congresso dos EUA, com o objetivo de fortalecer a produção de biocombustíveis. O projeto propõe estender o  45Z Clean Fuel Production Credit (Crédito de Produção de Combustíveis Limpos 45Z, em tradução do inglês) até 2034, e limitar sua aplicação a combustíveis produzidos com matérias-primas originadas nos próprios EUA. A iniciativa visa proteger os produtores locais de concorrência estrangeira, restringindo a elegibilidade aos créditos fiscais apenas a combustíveis renováveis produzidos com matérias-primas domésticas.

O Crédito Tributário 45Z era o pilar do Inflation Releaf Act (IRA, sigla em inglês) do governo Biden. Esta lei incentiva a produção de combustíveis limpos, como biodiesel, diesel renovável e combustível sustentável para aviação (SAF, na sigla em inglês). No entanto, o governo Biden não estendeu o programa 45Z para esse ano e a possibilidade da renovação dos créditos dentro do programa e sua extensão até 2034 trouxeram euforia para o mercado.

A Índia, maior importadora global de óleo de palma, retomou as compras depois cinco meses, após a queda nos preços, com o produto mais barato que o óleo de soja. As importações, que caíram entre dezembro e março (1,57 milhão de toneladas no total), devem subir para 350 mil toneladas em abril e superar 500 mil em maio, com previsão de média mensal acima de 700 mil toneladas no terceiro trimestre. A Índia compra óleo de palma principalmente da Indonésia e da Malásia, enquanto importa óleo de soja e óleo de girassol da Argentina, Brasil, Rússia e Ucrânia.

O mercado da soja apresentou variações de preços entre diferentes estados brasileiros. No Rio Grande do Sul (RS), onde a colheita ainda não terminou, o preço da saca no porto para entrega em abril, está em torno de R$ 135,00, com valores no interior oscilando conforme a localidade. Em Santa Catarina (SC), com 70% da área colhida, os resultados superam projeções iniciais e a saca no porto de São Francisco do Sul (SC), está cotada a R$ 134,31. Os preços em Paranaguá (PR) chegaram a R$ 134,94, enquanto outros municípios apresentam variações. O Mato Grosso do Sul (MS) já colheu 99,1% da área, com produtividade média de 54,4 sacas por hectare e preços entre R$ 118,93 e R$ 122,90. Já no Mato Grosso (MT), os preços registraram queda em todas as localidades monitoradas, variando de R$ 110,27 a R$ 117,35.

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) projetou para 2025 um desempenho misto para o complexo da soja no Brasil, com queda de 0,8% na produção de soja, estimada em 169,6 milhões de toneladas, mas mantendo recordes setoriais. O esmagamento permanecerá estável (57,5 milhões de toneladas), assim como a produção de farelo (44,1 milhões) e óleo de soja (11,4 milhões). As exportações de grãos devem crescer 2,3%, alcançando 108,5 milhões de toneladas, enquanto as de farelo e óleo se mantêm em 23,6 milhões e 1,4 milhão, respectivamente. A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) divulgou que a colheita nacional já atingiu 89%, acima da média histórica, apesar do atraso no RS em razão das chuvas.

O contrato de jul/25 de óleo de soja negociado na CBOT fechou em 49,81 cents/libra na sexta-feira (25/04), apresentando variação de 3,0% na semana, enquanto o prêmio de junho/25 do óleo de soja em Paranaguá (PR), perdeu 500 pontos, fechando a semana em -5,0 cents/libra. Desta forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá registrou desvalorização de 6,4%, fechando a semana a US$ 988/ton.

Segundo levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel na semana movimentou um volume de 2.712 m³, redução de 28,1% em relação à semana anterior, registrando um preço médio de R$ 5.567/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS (2,5%). A semana foi marcada pela concentração de produtores e distribuidores na finalização das negociações para os contratos do terceiro bimestre, o que trouxe baixa liquidez para as vendas spot.

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) emitiu um parecer atestando não haver conflito de interesses na doação de espectrofotômetros à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) por entidades do setor de combustíveis. Estes equipamentos permitem que fiscais verifiquem em campo, se a mistura obrigatória de biodiesel está sendo cumprida, ao contrário do procedimento atual, que exige análise laboratorial das amostras, impossibilitando apreensões imediatas de combustíveis irregulares. O parecer era necessário porque as doações virão de empresas reguladas pela própria ANP. Atualmente, a agência possui apenas um equipamento deste tipo, doado pelo Ministério Público (MP) de Sergipe, em janeiro, mas o Instituto Combustível Legal (ICL) já manifestou interesse em doar outras cinco unidades.

A partir de 1º de maio a comercialização de biodiesel entre as distribuidoras está proibida. A proibição determinada pela ANP visa coibir casos de fraude na mistura obrigatória e deverá durar até o final de 2025. O despacho que oficializa a medida foi publicado na edição do Diário Oficial da União (DOU) do último dia 22. Em 2024, cerca de 385 mil m³ de biodiesel (4,3% do total) foram movimentados nessa modalidade.

Segundo o levantamento realizado entre 14 e 20 de abril pela ANP, o preço médio negociado entre usinas e distribuidores foi de R$ 5.575,00/m3, ficando quase estável (0,6%) em relação ao valor médio da semana anterior. A região Sul teve o maior aumento (2,3%) e Centro-Oeste a maior redução (-1,2%). O mercado acumula uma redução de 11,9% no ano.

Para a semana será importante acompanhar se haverá a continuidade do rally nos preços do óleo de soja e a retomada do mercado spot do biodiesel após o término das contratações para o terceiro bimestre.