Preço: Óleo de soja apresenta volatilidade na Bolsa de Chicago


DE OLHO NO BIODIESEL BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (11/08 a 15/08/2025)

A semana começou com o mercado repercutindo os ajustes baixistas realizados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) para a safra 2025-2026 de soja dos EUA, que sustentou ganhos para todo o complexo de soja. O principal fator que impulsionou este mercado como um todo foi o aumento do perfil de risco decorrente dessas alterações, com a percepção dos agentes em relação ao ganho de produtividade.

A compensação na redução de área, porém, resulta em maior sensibilidade nas oscilações climáticas, deixando o mercado mais pessimista a qualquer ameaça negativa em relação à produtividade. Na quinta-feira, 14/08, os ganhos obtidos após a publicação do Relatório do USDA foram todos revertidos, com o declínio do óleo de soja indo no sentido oposto aos grãos e farelo, que subiram, com cortes nas estimativas de produção para a safra americana.

Na sexta-feira (15/08) o mercado reagiu de maneira altista à divulgação dos dados da Associação Nacional de Processadores de Oleaginosas (NOPA, na sigla em inglês). Os dados de processamento de soja nos Estados Unidos foram recorde para o mês de julho, somando 5,33 milhões de toneladas. Os estoques de óleo de soja dos EUA, em compensação, foram de 1,379 bilhão de libras, os menores em 21 anos para o mês.

Além da forte demanda internacional gerada pela procura chinesa aquecida por óleos vegetais, em especial óleo de palma, o cenário com indicadores de escassez nos EUA, segundo dados da NOPA, apresentaram menores estoques de óleo e esmagamento recorde de grãos. As revisões do USDA reduziram estimativas de oferta e área plantada, sendo que essa combinação de fatores reforça o ambiente de alta sustentada, colocando pressão sobre os mercados globais.

O mercado do óleo de palma ficou em baixa, com investidores reagindo aos dados de importações indianas de óleos vegetais, que trouxeram novas frustrações ao mercado. A redução das importações do óleo de Palma pela Índia pode ter como consequência um acúmulo de estoques do insumo na Malásia, a principal origem do óleo de palma importado pela Índia e por notícias de pedidos de adiamento do programa B50, na Indonésia. Porém, a semana terminou em alta, com a demanda chinesa pelo óleo de palma aquecida. A Malásia dominou as exportações.

No Brasil, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) divulgou no dia 14/08 a atualização das estimativas e os dados de esmagamento de junho. A entidade elevou em 300 mil toneladas, ou 0,5%, a projeção de esmagamento para 58,1 milhões de toneladas, alta anual de 4,1%. A estimativa de produção de óleo foi ajustada para cima em 50 mil toneladas, totalizando 11,650 milhões de toneladas.

O esmagamento de junho somou 5,05 milhões de toneladas, queda de 7% frente ao mês, mas ainda 6,1% acima de junho de 2024. No acumulado do primeiro semestre, o processamento atingiu 28,7 milhões de toneladas, avanço de 5,8% na comparação anual. Em óleo, a produção do mês foi de 1,03 milhão de toneladas, levando o acumulado semestral a 5,84 milhões, contra 5,47 milhões no mesmo período de 2024. O incremento de 367 mil toneladas sobre o ano anterior supera a demanda adicional do setor de biodiesel na primeira metade de 2025, estimada em cerca de 280 mil toneladas, para 3,67 milhões no período.

O contrato de setembro/2025 de óleo de soja negociado na CBOT fechou em 53,12 cents/libra na sexta-feira (15/08), apresentando valorização de 0,78% na semana. Já o prêmio de setembro/2025 do óleo de soja em FOB Paranaguá desvalorizou 30 pontos, fechando a semana em -2,30 cents/libra. Desta forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá registrou uma valorização de 0,22%, fechando a semana a US$ 1.120/ton.

No levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel registrou um volume de venda de 2.670 m³, 80% menor em relação à semana anterior, com destaques para os estados do Paraná e Mato Grosso, com vendas de 1.000 m³ e 660 m³, respectivamente. O preço médio apurado na semana foi de R$ 5.815/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, ficando quase estável (0,5%) em relação à semana anterior.

Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), fraudes com os créditos do ICMS no setor de combustíveis sempre foram comuns e causavam prejuízos bilionários aos cofres públicos, chegando a quase R$ 30 bilhões no ano. Mas a adoção da chamada monofasia do ICMS para gasolina e diesel, em que a cobrança do ICMS é feita apenas uma vez, já na cadeia petroquímica na saída das refinarias, reduziu as fraudes em cerca de 30%.

“Essa mudança de uma alíquota única e monofásica vem reduzindo as fraudes. Nossa estimativa, com base nos números da FGV, é que as perdas caíram pelo menos 30%. O número atualizado será divulgado em breve pela FGV, já que a mudança na incidência do ICMS vai completar dois anos”, explicou o presidente do Instituto Combustível Legal, Emerson Kapaz. A preocupação, agora, é o etanol que não entrou no sistema monofásico.

Segundo o levantamento realizado entre 04 e 10/08 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio negociado do biodiesel entre usinas e distribuidores ficou em R$ 5.746,00, crescimento de 1,5% em relação ao valor médio da semana banterior. Todas as regiões apresentaram aumento, exceto a Norte, com desvalorização de -2,3%. As maiores variações positivas foram no Nordeste e Sudeste, com 2,1% e 1,8%, respectivamente. No momento, o mercado acumula uma redução de 9,2% no ano. O mercado monitora o aumento da pressão do setor petrolífero americano contra as propostas da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) para o Padrão de Combustíveis Renováveis (RFS, na sigla em inglês) de 2026.