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DE OLHO NO BIODIESEL – BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (09 a 13/12/2024)
O cenário macroeconômico foi bastante desafiador na semana e apresentou volatilidade significativa, com o Real registrando oscilação de 3% em um único dia após a decisão do Copom. O Banco Central (BC) brasileiro surpreendeu o mercado anunciando um aumento de 1% na taxa básica de juros para 12,25% e indicando mais ajustes da mesma magnitude para as próximas duas reuniões.
Houve também intervenção dupla do BC no câmbio e, mesmo assim, os juros futuros seguiram disparando e o dólar se manteve acima dos R$ 6. O mercado não acredita que o pacote fiscal proposto pelo governo conseguirá avançar ainda neste ano no Congresso, tampouco que ele passará sem alguma desidratação.
O mercado de biodiesel foi marcado por importantes desenvolvimentos regulatórios e movimentações envolvendo matérias-primas durante a semana. O destaque foi a aprovação pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de uma resolução que estabelecerá metas mínimas para uso de óleos e gorduras residuais na produção de biodiesel, SAF e diesel verde. As metas específicas serão definidas posteriormente por meio de portaria interministerial do Ministério de Minas e Energia (MME) e do Ministério da Agricultura (Mapa) após análises de impacto regulatório em linha com a Lei do Combustível do Futuro.
O relatório WASDE de dezembro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) apresentou pequenas alterações nas projeções globais da soja. A produção mundial foi revisada para cima em 1,74 milhão de toneladas, atingindo 427,14 milhões, com estoques finais praticamente estáveis em 131,87 milhões de toneladas. Entre os principais players, apenas a Argentina registrou mudança significativa, com aumento de 1 milhão de toneladas em sua produção, chegando a 52 milhões de toneladas. Brasil (169 milhões), Estados Unidos (121,4 milhões) e China (20,7 milhões) mantiveram suas projeções inalteradas. A China continua com previsão de importar 109 milhões de toneladas, enquanto o Brasil deve exportar 105,5 milhões, mantendo sua posição como maior exportador mundial.
A safra de soja na temporada 2024-2025 em Mato Grosso apresenta excelente desenvolvimento apesar de um atraso inicial no plantio devido ao tempo seco em outubro. No entanto, a Consultoria AgRural alerta para riscos devido à concentração extrema do plantio, com 58% da área semeada em apenas 15 dias. O período crítico para garantir uma boa safra será entre 20 de dezembro de 2024 e 20 de janeiro de 2025, e chuvas excessivas em fevereiro podem causar problemas na colheita. A AgRural elevou sua previsão para a safra brasileira entre 170 e 171 milhões de toneladas, um aumento significativo em relação ao ciclo agrícola anterior. Atualmente, o plantio nacional alcançou 95% da área estimada, com condições favoráveis em todo o país, especialmente após as chuvas bem-vindas em áreas mais secas do Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.
No mercado de óleos vegetais, observou-se pressão baixista generalizada. As últimas semanas foram marcadas por uma forte queda do flat price do óleo de girassol e do óleo de soja. É um mix de ausência de riscos climáticos na América do Sul e incertezas quanto ao futuro dos programas americanos de biocombustíveis. Os prêmios do óleo de soja na América do Sul, especialmente na Argentina, encerraram a semana em forte queda. O programa de exportação brasileiro está em 1,61 milhão de toneladas, enquanto a Argentina registra 5,47 milhões de toneladas. O óleo americano manteve-se como origem mais competitiva, levando o USDA a aumentar sua projeção de exportações em 270 mil toneladas. O contrato de janeiro/25 de óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT) fechou em 42,61 cents/libra na sexta-feira (13/12), um leve recuo de 0,8% na semana, enquanto os prêmios do óleo de soja em Paranaguá fecharam a semana em 5,8 cents/libra, uma queda de 3,3%. Dessa forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá recuou 1,1% na semana, atingindo US$ 1.067/ton.
Segundo levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel teve uma nova semana de baixa oferta dos produtores e poucos distribuidores buscando volumes novos, reduzindo bastante a liquidez. O volume apurado foi de 3.220 m³ com um preço médio de R$ 6.131/m³, com PIS/Cofins e sem ICMS, leve alta de 0,6% em relação à semana passada.
Outro destaque da semana foi o inicio das tratativas para a contratação para o primeiro bimestre de 2025, no entanto com baixo volume de fechamento de negócios devido à ausencia de ofertas de alguns produtores importantes até o final da semana. Em função dos feriados de final de ano, a semana que se inicia será marcada por uma aceleração das negociações para atender ao prazo exigido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para a homologação dos contratos, no próximo dia 23.
De acordo com o levantamento de preços realizado pela ANP, na primeira semana de dezembro (02-08/12), o preço médio Brasil de biodiesel, com PIS/Cofins e sem ICMS, ficou em R$ 6.431/m³, uma leve redução de 0,5% em relação à semana anterior.