
O mercado dos créditos de descarbonização (CBios), vinculados ao RenovaBio, registrou um aumento na primeira quinzena de setembro. No período, os títulos foram negociados por R$ 43,73, em média, com acréscimo de 2,5% em relação às últimas semanas de agosto.
O valor, entretanto, está 31,9% abaixo da média de 2025, de R$ 64,24 por CBio. Em comparação com a média histórica, de R$ 83,67, a queda chega a 47,7%. Os números são resultados de cálculos realizados pelo NovaCana com base em dados da bolsa de valores brasileira B3, única entidade registradora do programa.
O programa foi tema de um dos painéis da Conferência NovaCana, que aconteceu nesta semana. Na ocasião, o diretor comercial da Alta Mogiana, Luiz Gustavo Junqueira, considerou que os valores mais baixos dos CBios podem reduzir os custos para a sociedade, o que seria benéfico.
“Entendemos que a intenção principal do programa, além de descarbonizar a matriz, é fazer isso com o menor custo e a menor volatilidade possível, enxergando a validade do programa pelo olhar da sociedade. Creio que estamos entregando isso a ela”, aponta.
Apesar do aumento quinzenal, o preço dos créditos tem colecionado quedas durante todo o ano de 2025. Entre os dias 1º e 15 de setembro, o valor de negociação dos CBios variou entre R$ 32,30 e R$ 61,22. O maior valor foi visto no dia 3, enquanto o menor foi registrado no dia 1º. De acordo com a B3, ocorreram 4,11 mil negociações no período, movimentando 5,66 milhões de créditos.
Ainda conforme a bolsa de valores, de janeiro ao início de setembro, o volume financeiro das negociações alcançou R$ 3,87 bilhões. O montante ficou 30,9% abaixo do visto no mesmo recorte de 2024, quando foram movimentados R$ 5,61 bilhões.
A queda pode ser justificada pelo cenário de oscilação nos preços, que registrou principalmente quedas no decorrer deste ano. “Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.
Posse e aposentadoria
No dia 15 de setembro, a B3 fechou a sessão com 33,54 milhões de créditos em circulação. O montante representa 67,9% da meta estipulada para 2025, de 49,36 milhões de CBios.
O objetivo anual, atualizado em março pela ANP, inclui os 10,49 milhões de CBios que ficaram pendentes do ano passado. Além disso, foram descontados os 1,52 milhão de créditos abatidos das metas individuais das distribuidoras que cumpriram contratos de longo prazo com produtores de biocombustíveis.
Do total de CBios disponíveis no mercado ao final da quinzena, 55%, ou 18,44 milhões, estavam em posse das distribuidoras de combustíveis, com metas a cumprir. Já as usinas certificadas no programa detinham 14,71 milhões, ou 43,8%. Desta forma, os 391,58 mil créditos restantes (1,2%) estavam com investidores sem metas.
Na primeira quinzena de setembro, 369,39 mil créditos foram aposentados, incremento de 38% em relação aos 267,62 mil títulos que saíram de circulação no mesmo período de 2024. No acumulado do ano, 12,73 milhões de CBios saíram do mercado. Ou seja, apenas 25,8% da meta foi realmente alcançada até agora.
Somando os créditos disponíveis, os que foram retirados de circulação em 2025 e os 181 mil títulos que foram aposentados de forma antecipada no ano passado, o volume total chega a 46,45 milhões de CBios, ou 94,1% do objetivo para o ano.
De acordo com a B3, as últimas aposentadorias por companhias sem metas a cumprir no programa ocorreram em março. No dia 12, foram retirados circulação 23 mil créditos e, no dia 14, outros 200.
Segundo as regras do RenovaBio, a retirada de títulos feita por partes não obrigadas pode ser deduzida dos objetivos finais do programa. Com isso, as aposentadorias feitas durante o ciclo 2025 devem ser contabilizadas no próximo ano.
Emissões
Na primeira quinzena de setembro, as usinas certificadas no RenovaBio emitiram 1,45 milhão de CBios, acréscimo de 7% na comparação anual. Já no acumulado de 2025, as sucroenergéticas escrituraram 29,81 milhões de títulos. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve um acréscimo de 1,8%.
De acordo com a ANP, 337 usinas estão atualmente certificadas para a emissão dos créditos do RenovaBio. Destas, cinco fabricam biometano e outras 42, biodiesel.
Dentre as 290 usinas de etanol certificadas, 273 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; oito processam cana e milho; oito apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada. Desde o início do programa até agora, 188,54 milhões de CBios já foram emitidos pelas sucroenergéticas.
Por Giully Regina
Fonte: NovaCana