
DE OLHO NO BIODIESEL BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (04/08 a 08/08/2025)
Os contratos futuros dos petróleos Brent e WTI fecharam em queda de 4,4% e 5,1% na semana, respectivamente, pressionados pelas novas tarifas adicionais de 25% impostas pelos EUA à Índia por comprar petróleo russo e pelo aumento de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). A Opep+ anunciou no domingo (03/08), o fim dos cortes de produção de 2,2 milhões de barris/dia iniciados em 2023, com aumento de 547 mil barris/dia a partir de setembro.
A decisão ocorreu às vésperas do prazo limite do presidente Donald Trump para o fim do conflito na Ucrânia, sob risco de taxar compradores de petróleo russo com possíveis efeitos no Brasil, que importa diesel russo. Os países mais impactados pelas restrições seriam China e Índia, que juntos compram 3,3 milhões de barris/dia de petróleo russo.
O óleo de palma encerrou a semana com valorização de 1,2%, cotado a US$1.004,7/t, após período de alta volatilidade. O contrato apresentou recuperação expressiva de 2,7% na terça-feira, motivada principalmente por fatores técnicos e reposicionamento de agentes após quedas desde 24 de julho. No entanto, os fundamentos permaneceram mistos, com estimativas indicando aumento de 10,8% nos estoques da Malásia, em julho (quinto avanço consecutivo), e queda de 10% nas importações indianas, para 858 mil toneladas. A demanda da União Europeia (UE) também continua fraca, com importações de apenas 160 mil toneladas, em julho – volume 56% inferior ao mesmo período do ano anterior, mantendo a tendência de desaceleração observada na temporada passada.
O óleo de soja apresentou alta volatilidade durante a semana, com movimento predominantemente baixista. As pressões vendedoras foram impulsionadas por expectativas otimistas para a safra de soja nos Estados Unidos (EUA), redução de quase 20 mil contratos em posições líquidas compradas pelos fundos especulativos e preços mais fracos do petróleo bruto. O mercado também foi influenciado pela inauguração da maior planta de diesel renovável do Canadá, em Edmonton, com capacidade de 20 mil barris por dia, aumentando a competição pelo óleo de canola e reduzindo a disponibilidade para exportação aos EUA.
Apesar das quedas recentes, alguns indicadores mostraram sinais positivos para o setor de biodiesel. Os dados oficiais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) revelaram que o esmagamento de soja nos EUA totalizou 5,37 milhões de toneladas em junho, superando em 7,4% o mesmo período do ano anterior, com o acumulado da temporada atingindo 50 milhões de toneladas (+7,1%). A StoneX divulgou projeção de 120,43 milhões de toneladas para a próxima safra norte-americana, superando a estimativa atual do USDA de 117,98 milhões de toneladas. No Brasil, as exportações de óleo de soja caíram 17,4% em julho comparadas a junho, tendo a Índia como principal compradora, seguida por China e Argélia.
O contrato de setembro/25 de óleo de soja negociado na CBOT fechou em 52,71 cents/libra na sexta-feira (08/08), apresentando desvalorização de 3,25% na semana. Já o prêmio de setembro/25 do óleo de soja em FOB Paranaguá valorizou 180 pontos, fechando a semana em -2,00 cents/libra. Desta forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá registrou uma valorização de 0,06%, fechando a semana a US$ 1.118/ton.

No levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel registrou um volume de venda de 13.405 m³, quase 10 mil a mais em relação à semana anterior, com destaques para os estados do Paraná e São Paulo, com vendas de 7.740 m³ e 1.755 m³, respectivamente. O preço médio apurado na semana foi de R$ 5.785/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, ficando quase estável (0,1%) em relação à semana anterior.

A semana também foi marcada por ações que visam combater irregularidades no mercado de combustíveis. A Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) apresentou o Projeto de Lei 3.697/2025 que visa dificultar a obtenção de liminares judiciais contra o cumprimento das metas do RenovaBio. O PL determina que distribuidoras só poderão receber liminares que adiem suas metas ambientais se fizerem um depósito judicial equivalente à “fração incontroversa” de CBios que reconhecem como devida. A proposta surge em resposta ao alto número de distribuidoras que buscam na Justiça formas de postergar suas obrigações. O objetivo é evitar que empresas usem liminares como estratégia para ganhar vantagem competitiva sobre concorrentes que cumprem suas metas, preservando a integridade do programa que tem cerca de R$ 1 bilhão em obrigações judicializadas.
A Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz/SP) emitiu mais de R$ 210 milhões em autos de infração contra duas distribuidoras de combustíveis envolvidas em esquemas fraudulentos de sonegação de ICMS, responsabilizando solidariamente os clientes dessas empresas pelo pagamento do imposto não recolhido. A ação resultou na emissão de 169 autos de infração após oportunidade de regularização voluntária, estabelecendo que os destinatários das notas fiscais podem responder a processos de execução fiscal e ser responsabilizados por ilícitos tributários.
O Instituto Combustível Legal (ICL) e o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) manifestaram apoio à medida, considerando-a essencial para garantir justiça tributária e concorrência leal no setor, com a Sefaz/SP sinalizando que a ação terá continuidade em todo o estado para combater a sonegação e assegurar a arrecadação de ICMS no mercado de combustíveis.
Segundo o levantamento realizado entre 28/07 e 03/08 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do biodiesel negociado entre usinas e distribuidores ficou em R$ 5.662, crescimento de 2,6% em relação ao valor médio da semana anterior. Todas as regiões apresentaram aumento, com as regiões Centro-Oeste e Norte com as maiores variações, com 5,2% e 4,5%, respectivamente. No momento, o mercado acumula uma redução de 10,5% no ano.
Para a semana, é importante acompanhar a atualização das estimativas do USDA sobre a safra de soja nos Estados Unidos que poderá fazer mais pressão aos preços em Chicago. Teremos também o início das negociações para a contratação do biodiesel para o quinto bimestre.