Preço do açúcar em Nova York está próximo do “piso” e usinas consideram mudar mix

Armazém de açúcar — Foto: Wenderson Araujo/CNA

O mercado global de açúcar vive uma transição de déficit para superávit. A posição da gerente sênior de inteligência de mercado da BP Bioenergy, Luciana Torrezan, foi apresentada nesta terça-feira, 17, durante o segundo dia da Conferência NovaCana 2025.

De acordo com ela, até o primeiro trimestre de 2026, o fluxo do comércio deve se manter balanceado – mas há incertezas a partir do segundo trimestre. “Na safra corrente do Brasil, praticamente dois terços da cana já foi colhida e ainda tem uma indefinição em relação à produção final”, observa.

Ainda segundo a analista, no momento, as perspectivas estão convergindo de 590 milhões a 610 milhões de toneladas. Entretanto, Torrezan observa que há incertezas em relação ao mix de produção, com a possibilidade de um maior direcionamento para o biocombustível.

“O etanol está remunerando mais [que o açúcar] nos principais estados, incluindo São Paulo. As usinas já estão fazendo as contas para mudar o mix de produção”, alerta. Por enquanto, entretanto, a perspectiva é de uma fabricação de 39 milhões a 41,4 milhões de toneladas de açúcar.

Torrezan pontua que, no momento, as negociações de açúcar bruto em Nova York devem variar entre 15 e 17 centavos de dólar por libra-peso. “A 15 centavos, acredita-se que a China tenha interesse em comprar. A 17 centavos, trata-se do preço em que a Índia começa a vender”, resume.

“Hoje, a paridade de exportação na Índia é de 17 a 18 centavos de dólar. Abaixo disso, nem todo volume que for autorizado vai ser exportado”, Luciana Torrezan (BP Bioenergy)

Ou seja, o menor valor estimularia compras, enquanto o maior traria uma maior oferta. “A nossa visão para o açúcar no curto prazo é que o preço fique próximo da paridade em relação ao valor do etanol no Brasil. O preço do etanol no Brasil tem sido o piso em Nova York”, complementa.

A partir de 2026, entretanto, a perspectiva pode mudar de acordo com o excedente global. Ainda assim, a gerente acredita que o preço deve se manter em um patamar próximo à equivalência com o do etanol. “O consumo é que vai ditar quanto os países precisarão exportar de açúcar”, complementa.

Por Renata Bossle

Fonte: NovaCana