Por que La Niña pode alterar o clima e a produção agrícola

Foto: José Fernando Ogura/Arquivo AEN

As condições climáticas previstas para o último trimestre de 2025, divulgadas no Relatório Trimestral de Perspectivas para Commodities da StoneX, destacam a crescente probabilidade de formação do fenômeno La Niña. As informações são de Carolina Jaramillo Giraldo, analista de Inteligência de Mercado da companhia, que também apresenta dados no vídeo.

Segundo os dados mais recentes, as anomalias de temperatura da superfície do mar indicam um resfriamento nas regiões centrais e leste do Pacífico (Niño 3.4 e Niño 3), acompanhado de aquecimento no Pacífico oeste, configuração típica de La Niña.

“Relatórios da Organização Meteorológica Mundial (OMM), do Instituto Internacional de Pesquisa para o Clima e Sociedade (IRI) e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) apontam para uma La Niña fraca, embora não se descarte a possibilidade de retorno à neutralidade durante o verão no Hemisfério Sul”, aponta a analista.

Duração e Impacto da La Niña

Historicamente, o fenômeno La Niña costuma durar entre três e quatro trimestres móveis, mas há registros de eventos mais prolongados. Em 1984 e 2017, por exemplo, o fenômeno teve início no trimestre SON (setembro–novembro) e se estendeu por 11 e 6 trimestres, respectivamente. Com base nesses precedentes, há possibilidade de que a La Niña atual se prolongue até os primeiros meses de 2026.

Impactos Climáticos Globais e no Brasil

A configuração atmosférica típica de La Niña, marcada por alta pressão no Pacífico central e oriental e baixa pressão no Pacífico oeste, tende a influenciar os padrões climáticos em diversas regiões do mundo. As projeções indicam chuvas abaixo da média no sul da Europa, Ásia Central e leste da África, além de anomalias secas pontuais no norte do México, sul do Brasil, Uruguai, sudoeste da Argentina e sul do Chile.

“Em contrapartida, há expectativa de chuvas acima da média em áreas como Índia, norte da Ásia, América Central, Canadá, norte dos Estados Unidos e oeste da Colômbia. No Sudeste do Brasil e na Bolívia, o sinal é mais fraco e menos consistente, enquanto no restante da América as condições tendem a oscilar em torno da normalidade”, pontua Carolina Giraldo.

Cenário climático no Brasil

O inverno de 2025 foi marcado por temperaturas abaixo da média, especialmente nas máximas. Para os próximos meses, os modelos climáticos indicam temperaturas próximas da normalidade, com variações regionais significativas. Em outubro, leste de Mato Grosso, oeste da Bahia e parte nordeste Goiás podem registrar até +1 °C acima da média, o que acelera a germinação da soja, mas também aumenta o risco de déficit hídrico caso as chuvas atrasem.

Por Assessoria da StoneX

Fonte: Jornal Cana