Políticas de biocombustíveis dos EUA mantêm mercado do óleo de soja volátil

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DE OLHO NO BIODIESEL – BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (19/05 a 23/05/2025)

A aprovação do projeto de lei “Big and Beautiful” pelo Comitê de Orçamento da Câmara dos Representantes dos EUA, pode ser considerada um dos principais motivos para a alta do óleo de soja esta semana. Vale lembrar que o projeto havia sido rejeitado na semana anterior.

Entre outros pontos, o projeto propõe a extensão dos créditos fiscais 45Z – “Clean Fuel Production Credit” (CFPC, na sigla em inglês), créditos fiscais criados pelo Inflation Reduction Act (IRA, na sigla em inglês) do governo americano para incentivar a produção de combustíveis limpos até 2031, beneficiando produtores de combustíveis de baixo carbono como o biodiesel, por exemplo.

Assim, há um cenário que pode fortalecer a demanda por óleo de soja e consequentemente, impactar positivamente o setor produtivo. O mercado acompanha a tramitação do projeto de lei, com a proposta seguindo agora para o Comitê de Regras e, posteriormente, para votação no plenário da Câmara, nos EUA.

O setor de biocombustíveis foi alvo de especulações no final da semana. Rumores não confirmados oficialmente apontaram que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) teria informado à American Petroleum Institute (API) que concederia, de forma retroativa, 163 isenções para Pequenas Refinarias (SREs, na sigla em inglês) em uma quantidade equivalente a 5,15 bilhões de litros. Estes seriam retirados do mandato de biocombustíveis Renewable Volume Obligation (RVO, na sigla em inglês). O RVO, em relação aos biocombustíveis, é uma obrigação legal nos Estados Unidos que exige que empresas que refinam, importam ou misturam combustíveis fósseis adicionem uma quantidade específica de biocombustíveis aos combustíveis de transporte.

Esses rumores afetaram fortemente o mercado de créditos para números de identificação de energia renovável (RINs, na sigla em inglês), gerando uma liquidação que resultou em uma grande queda nos preços do óleo de soja, por ser um fator desestimulante para a indústria de biocombustíveis. O mercado, agora, espera por esclarecimentos sobre quais serão as metas de RVOs ajustados para 2026 e 2027 e qual será o cronograma dessa realocação.

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) divulgou novo relatório no começo da semana com pequenas variações em alguns números, mas mantendo a previsão de um novo recorde para o setor. A produção de soja cresceu 0,1% em comparação com as últimas estimativas, devendo alcançar 169,7 milhões de toneladas, enquanto o esmagamento deverá se manter, chegando a 57,5 milhões de toneladas. A produção de farelo e óleo de soja permanecerá estável, atingindo 44,1 milhões de toneladas e 11,4 milhões de toneladas, respectivamente. As exportações seguem em patamar elevado, estimadas em 108,2 milhões de toneladas. O mercado brasileiro de óleo de soja permaneceu estável, impulsionado pela forte demanda doméstica por biodiesel e por uma safra recorde de soja.

O contrato de jul/25 de óleo de soja negociado na CBOT fechou em 49,35 cents/libra na sexta-feira (23/05), ficando estável (0,9%) na semana, enquanto o prêmio de jul/25 do óleo de soja em Paranaguá caiu 150 pontos, fechando a semana em -4,8 cents/libra. Desta forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá registrou desvalorização de 2,4%, fechando a semana a US$ 982/ton.

Elaboração: SCA Brasil

Segundo levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel na semana registrou uma boa liquidez, com movimento de um volume de 4.435 m³, registrando um preço médio de R$ 5.269/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS (0,2%).

Elaboração: SCA Brasil

Segundo o levantamento realizado entre 12 e 18 de maio pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio negociado entre usinas e distribuidores foi de R$ 5.372/m³, ficando quase estável com uma pequena variação negativa (-0,7%) em relação ao valor da semana anterior. Tirando a região Sudeste (0,2%), as demais regiões registaram reduções nos preços, com a região Norte e Centro-Oeste com variações de -3,2% e -1,1%. O mercado acumula uma redução de 15,1% no ano.