PORTAL PRATO DO AMANHÃ – As empresas do agronegócio brasileiro precisam revisar constantemente seus planos de compra de defensivos agrícolas para garantir que recebam os produtos no momento certo, evitando prejuízos operacionais. Essa foi uma das conclusões da série de lives “Conexão SCA Brasil”, realizada em agosto com especialistas como Alexandre Menezio, diretor da SCA Brasil Aliança, e Diego Lopes, head de Estratégia e Inteligência de Suprimentos da SCA. A previsibilidade nessas aquisições é crucial para minimizar problemas que impactam a lucratividade dos produtores.
Algumas das pautas discutidas foram os desafios do mercado de defensivos em 2024, a alta no câmbio, custos elevados de frete, e dificuldades logísticas. Segundo Menezio, consultorias devem apoiar as empresas com um planejamento anual de demanda, estabelecendo uma cadência de uso mensal para os insumos.
Fatores externos
Lopes destacou que, sem volumes de insumos já contratados, os produtores correm mais riscos. Ele observou que muitas empresas estão removendo suas tabelas de preços ou reajustando-as frequentemente, e que fatores como falta de navios e mudanças nas rotas marítimas têm elevado o custo dos fretes.
Ana Colla, diretora Latam de Operações e Supply Chain da ADAMA, acrescentou que a rede logística de produtos chineses atravessa áreas de conflitos geopolíticos, o que causa congestionamentos em portos e aumenta o tempo de trânsito.
Outra questão é a concorrência de navios entre produtos agrícolas e outras mercadorias. No fim do ano, o e-commerce disputa espaço com os defensivos agrícolas nos mesmos navios, complicando a logística. Ana explicou que, atualmente, a entrega de produtos da China pode levar até 60 dias além do tempo de fabricação. Qualquer demanda fora de 90 dias é difícil de ser atendida, e não está prevista no planejamento dos fornecedores.
Planejamento interno e outros agentes
A logística interna também foi discutida, já que a distribuição dos defensivos depende do transporte rodoviário. Quando as compras são feitas próximas ao início da safra, o pico de entregas simultâneas ao escoamento da safra de grãos sobrecarrega o sistema, gerando gargalos.
A volatilidade cambial, com o Real perdendo valor e o dólar registrando picos de até R$ 5,80 nos últimos meses, também dificulta a previsibilidade de custos.
Durante o programa, discutiu-se a expectativa de estabilização nos preços de defensivos após a redução da demanda por herbicidas. O mercado deve enfrentar maior pressão em fungicidas e outros produtos até o fim do ano.
Menezio ressaltou a necessidade de um programa nacional para defensivos agrícolas semelhante ao Plano Nacional de Fertilizantes para incentivar a produção local de herbicidas e bioprodutos.
Já Ivan Jarussi, diretor Comercial para Cana e Sul do Brasil da FMC Agrícola, vê uma relação complementar entre defensivos químicos e biológicos no futuro, com foco em sustentabilidade e desempenho agrícola eficiente.
Fonte: Portal Pra Todo Amanhã