Por Gabriela Ruddy
A Petrobras anunciou uma parceria com a petroquímica Braskem para fornecer o gás natural processado no Complexo Boaventura, em Itaboraí (RJ), como matéria-prima para a ampliação da produção de polietileno da petroquímica no Rio de Janeiro.
O projeto prevê R$ 4,3 bilhões em investimentos para ampliar a capacidade de produção de polietileno em 230 mil toneladas por ano nas unidades de Duque de Caxias, Três Rios e Resende. O CEO da Braskem, Roberto Ramos, destacou que a colaboração é importante num contexto de dificuldades para a indústria petroquímica no mundo.
“A indústria petroquímica passa por um período de baixa muito prolongado, maior período de baixa da sua história”, afirmou em coletiva de imprensa na sede da Petrobras na quinta-feira (03/07). A iniciativa ainda está em fase de aprovação na empresa e vai ser viabilizada por meio do Regime Especial da Indústria Química (Reiq), que prevê a desoneração das alíquotas de PIS/Cofins em projetos que tenham como contrapartida o aumento de produtividade.
“Os recursos vão ser gerados pela própria Braskem e o endividamento que eventualmente vier a ser contratado é da própria Braskem, não dos acionistas. Esse investimento não afeta a geração de caixa ou recursos da Petrobras”, disse Ramos.
Em paralelo, as companhias avaliam parcerias no segmento de etanol para futuras expansões na produção da Braskem. “As matérias-primas do futuro para substituir os combustíveis fósseis serão o etanol e os açúcares. Esse também é um campo de cooperação que a Braskem e a Petrobras já estão discutindo”, afirmou o CEO.
A Braskem já opera uma planta de eteno derivado de etanol no Polo Petroquímico de Triunfo (RS), com capacidade para produzir 200 mil toneladas de polietileno verde por ano.
A parceria com a Petrobras foi divulgada junto com os anúncios da ampliação de investimentos em refino e petroquímica da estatal no Rio de Janeiro. Os anúncios serão formalizados na sexta-feira (04/7) em evento na Refinaria Duque de Caxias (Reduc) com a presença do presidente Lula (PT).
Acordo de acionistas
A Braskem é uma sociedade da Petrobras com a Novonor (antiga Odebrecht). Em relação à mudança na composição societária da Braskem, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que aguarda o andamento das discussões.
“Nós temos que resolver uma questão societária. O que a gente não pode querer é que essa questão societária venha a destruir o valor da sexta maior empresa petroquímica do mundo. Nós estamos esperando que tudo dê certo e que a Braskem tenha fim no Brasil e no mundo, o lugar que ela merece”, disse.
A Novonor negocia a venda da participação na petroquímica e chegou a receber propostas da J&F, Unipar e de um consórcio formado por Apollo e Adnoc. A Petrobras realizou um processo de due diligence dos números da empresa, para eventual exercício do direito de preferência no negócio.
Fonte: Eixos
