
“Irrigar ou não irrigar? Essa pode parecer uma dúvida simples e, na primeira vez que nós nos deparamos com ela, a resposta também parece simples. Mas, conforme nos inteiramos, vemos que não é bem assim”.
O questionamento trazido pelo Pecege Consultoria de Projetos, na voz do analista de mercado da empresa, Raphael Delloiagono, motivou a sistematização de um estudo de caso comparativo sobre o tema, incluindo gastos, ganhos e desempenho agrícola em um canavial com e sem irrigação. Segundo o analista, a avaliação foi uma “mistura tanto de dados coletados em campo quanto de algumas simplificações”.
Delloiagono defende que a escolha por irrigar ou não o canavial depende de muitas variáveis. Algumas das principais citadas pelo analista são os impactos nos custos e na rentabilidade e a taxa de juros para implementação do sistema de irrigação. Também é preciso considerar se é uma usina ou um produtor independente, se possui área arrendada ou não, entre outros fatores.
“De todas essas perguntas, uma delas é a principal: qual é a diferença de produtividade e longevidade, fazendo uma comparação entre a cana de sequeiro e a cana com irrigação plena?”, questiona.
Conforme o estudo do Pecege, a produtividade da cana com irrigação plena pode ser até 34 toneladas por hectare superior logo no primeiro corte, no comparativo com a planta em sequeiro. Além disso, enquanto o índice decai de 100 t/ha para 68 t/ha entre o primeiro e o sexto corte em sequeiro, com irrigação, a queda seria de 134 t/ha para 101 t/ha no mesmo comparativo.
Neste ponto, entra o fator longevidade. Delloiagono infere que, no Centro-Sul, o canavial formado fica no campo de maneira economicamente rentável por cerca de cinco a seis anos, em média. Depois deste período, a planta em sequeiro já precisaria ser reformada e, em um segundo ciclo, também teria produtividades inferiores à cana que recebe água sistematicamente.
“O decaimento [de produtividade] ao longo das safras tende a ser um pouco mais sutil [com a irrigação]”, completa Delloiagono. Ele acrescenta que a cana de sequeiro tem números bem mais modestos e “mais próximos do dia a dia médio do setor”.
O analista considera que o principal benefício da irrigação é o “seguro” em caso de condições climáticas adversas ou de um período com pouca ou quase nada de chuva, algo recorrente ao longo dos últimos anos.
“Provavelmente, se eu considerar um ano onde não choveu nada e o produtor conseguiu ter a capacidade produtiva funcionando em sua plenitude por conta de um investimento inicial em irrigação, com certeza esse investimento vai se pagar em muito menos tempo”, enxerga.
A versão completa desta reportagem (exclusiva para assinantes) possui o detalhamento do estudo de caso do Pecege, além de gráficos comparativos.
Fonte: NovaCana