O novo ritmo do agro: ferrovia impulsiona indústria do etanol e fortalece protagonismo do Mato Grosso na matriz energética

Trem no Terminal Export Cofco, em Santos — Foto: Divulgação/Cofco

Mato Grosso está redefinindo sua posição no mapa econômico brasileiro. Conhecido por sua força no agronegócio, o estado agora avança também sobre trilhos, impulsionando a indústria do etanol e consolidando-se como protagonista na transição energética nacional.

Em apenas seis anos, o volume de biocombustíveis transportados por ferrovia a partir do estado cresceu mais de 1.000%, passando de 188 mil m³ em 2019 para 2,16 milhões de m³ em 2024. O salto é resultado direto do avanço da produção de etanol de milho e da consolidação da Rumo como principal solução logística integrada para o escoamento desse combustível renovável.

Somente em 2024, foram movimentados 2,1 milhões de m³ de etanol e biodiesel pelo terminal ferroviário de Rondonópolis — um volume que reforça o papel de Mato Grosso como centro da nova economia verde do país.

“O fluxo ferroviário é estratégico para a competitividade do estado: garante a chegada de combustíveis necessários à produção agrícola e, ao mesmo tempo, coloca o etanol mato-grossense no mercado consumidor mais relevante do país”, explica Igor Figueiredo, diretor comercial da Rumo. “Mato Grosso é peça-chave na sustentabilidade e na migração da matriz energética do Brasil.”

Com a parceria firmada entre a Rumo e a FS Energia, em janeiro deste ano, o transporte de biocombustíveis ganhou ainda mais força. O contrato prevê duas composições ferroviárias exclusivas, com 80 vagões e três locomotivas cada, destinadas ao escoamento do etanol produzido pelas unidades da FS em Mato Grosso. Os trens seguem até o terminal de Paulínia (SP), de onde o combustível abastece os mercados do Sudeste, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Expansão logística e equilíbrio na balança energética

O avanço ferroviário não beneficia apenas o etanol. A movimentação de combustíveis derivados de petróleo também tem crescido. Entre 2019 e 2024, o volume de gasolina e diesel que chega a Mato Grosso pelas ferrovias aumentou 42%. Já no cenário nacional, a Rumo transportou 4,56 milhões de m³ de combustíveis em 2024, frente aos 2,77 milhões registrados em 2020 — um crescimento de 65% em quatro anos.

Esses números revelam uma mudança estrutural na logística do país, com a ferrovia assumindo papel central na distribuição de energia e na redução das emissões de carbono.

Fertilizantes por trilhos: eficiência que chega ao campo

A infraestrutura ferroviária também sustenta o desempenho do agro mato-grossense ao garantir o abastecimento de insumos. O transporte de fertilizantes para o Centro-Oeste praticamente dobrou em cinco anos, saltando de 1,73 milhão de toneladas em 2019 para 3,43 milhões em 2024. Só Mato Grosso responde por 2,9 milhões de toneladas — alta de quase 70% no período.

Por meio dos trilhos, produtos importados como ureia, MAP, NP e KCL chegam ao estado via Porto de Santos e seguem até as fazendas, reduzindo custos logísticos e fortalecendo a produtividade rural.

Trilhos para o futuro

A expansão da malha ferroviária rumo ao médio-norte mato-grossense, região que concentra o maior volume de produção de grãos do país, deve impulsionar ainda mais a economia local. A chegada dos trilhos permitirá integrar a cadeia produtiva, baratear o frete, estimular novas indústrias e reduzir o impacto ambiental do transporte.

“A evolução constante no transporte via trilhos confirma que a ferrovia é uma grande aliada do desenvolvimento sustentável do agronegócio mato-grossense”, conclui Igor Figueiredo. “Ela garante previsibilidade, segurança e eficiência em toda a cadeia, desde o insumo até o produto final.”

Com essa nova engrenagem logística, Mato Grosso deixa de ser apenas o coração agrícola do Brasil e se consolida também como vetor de inovação energética e sustentabilidade — um estado sobre trilhos, movendo o futuro do agro e da economia verde nacional.

Fonte: Momento MT