Por Andreia Vital
O etanol ainda tem muito a oferecer em termos de mobilidade. O presidente da DATAGRO, Plínio Nastari, destaca que a infraestrutura já estabelecida para a distribuição do biocombustível o coloca à frente no desafio da eletrificação.
O consultor ressalta que, devido à limitação da infraestrutura de recarga de baterias, a eletrificação provavelmente será direcionada para veículos híbridos por um período considerável. Nesse contexto, o etanol desempenha um papel fundamental, pois como combustível líquido, oferece uma distribuição fácil, econômica e segura de uma fonte de energia de alta densidade.
Durante evento virtual que reuniu expressivas lideranças do setor bioenergético, na última semana, Nastari destacou que para assumir o protagonismo na transição, os produtores de etanol precisam vencer a barreira da comunicação.
“O etanol é o melhor carregador de hidrogênio. No futuro, quando a gente tiver mobilidade através de hidrogênio, e isso quem disse foi a Nissan, em 2016, o Brasil já resolveu o problema de distribuição de hidrogênio com a infraestrutura do etanol. Nós já temos quase 42 mil postos de hidrogênio na forma de etanol distribuídos num país continental. Então o Brasil está muito bem-posicionado, a gente precisa só divulgar melhor, fazer com que as pessoas compreendam isso”, afirmou.
Além disso, Nastari destaca iniciativas como o programa RenovaBio, que promove uma meritocracia ambiental, e o projeto Combustível do Futuro, enquanto espera que futuras regulamentações considerem o ciclo de vida completo dos produtos ao medir as emissões de carbono.
Na ocasião, o presidente do Grupo EQM, Eduardo de Queiroz Monteiro, citou o futuro promissor do etanol que inclui também produtos como o SAF, um querosene de aviação feito a partir do álcool, e o combustível fabricado a partir do etanol que será usado por embarcações.
O presidente do grupo Maubisa, Maurílio Biagi Filho, afirmou que quando começou a trabalhar no setor, todas as canas eram importadas. “Para sobreviver, teve que trazer tecnologia. Foram quase 40 tecnologias que buscamos no exterior e tropicalizamos”, lembrou.
A tecnologia, o Proálcool, os carros flex e o fato de que o setor passou por uma desregulamentação depois da extinção do IAA também foram citados por empresários como fatores que contribuíram para a expansão do setor, que também passou por anos difíceis nas últimas cinco décadas.
Para o diretor da Consultoria Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, a evolução do setor tem muito a ver com pessoas como Antônio Eduardo Tonielo, presidente do Conselho do Grupo Viralcool, e como Eduardo Monteiro, que traz toda a visão histórica e de evolução. “A grande evolução foi a passagem do processo do qual o Estado intervinha em tudo para uma desregulamentação complexa, mas que trouxe um salto incrível no que é hoje o setor. Nós tivemos não só aumento de oferta de produtos, mas uma diversificação, caracterizando a resiliência do setor”, afirmou Carvalho.
Tonielo ressaltou que o Grupo Viralcool projeta uma moagem de 10 milhões de toneladas de cana e atribuiu o sucesso da companhia à harmonia de gestão e à busca pela eficiência.
“Uma empresa familiar durar 50 anos, acho que é um sinal de sucesso e de respeito. Acho que nós atingimos o nosso objetivo. As nossas usinas hoje são muito eficientes, nós cogeramos e exportamos 500 mil mega de energia elétrica. Acho que trabalhando com harmonia, a própria empresa consegue sempre prevalecer e ter sucesso. O nosso sucesso é esse, muita harmonia”, destacou o empresário.
Para o presidente-executivo da União Nacional da Bioenergia (Udop), Antônio Cesar Salibe, o setor está vivendo um momento ímpar nessa transição energética. “A gente vê que o mundo precisa melhorar sua sustentabilidade, o mundo precisa parar de poluir. E o Brasil é um exemplo de país em termos que os biocombustíveis estão colaborando para isso. Então, o setor está muito forte, e eu acredito que os próximos anos vão ser anos de ouro para o setor”, concluiu Salibe.
Fonte: Jornal Cana