Em artigo publicado no Valor Econômico, o membro do Instituto Nacional de Eficiência Energética (Inee) e do Comitê Permanente de Energia da Academia Nacional de Engenharia, Pietro Erber, explica como a crescente concentração de gases de efeito estufa (GEE) como CO2 e metano, resultante da queima de combustíveis fósseis, desmatamento e práticas agrícolas, está gerando fenômenos climáticos severos e migrações forçadas. Apesar dos benefícios econômicos dos combustíveis fósseis, seus custos indiretos, como doenças e insegurança alimentar, não são considerados, dificultando a transição para energias renováveis.
Para uma transição energética eficaz, é crucial o envolvimento da sociedade e o apoio governamental. Embora as energias renováveis possam ter custos mais altos, é necessário garantir que os mais pobres tenham acesso a elas, possivelmente através de subsídios. O Brasil, que emitiu 2,3 bilhões de toneladas de CO2 em 2023, tem um papel vital nessa transição, com uma matriz energética que já é 90% renovável. No entanto, a mudança climática ameaça a disponibilidade dessas fontes.
Os setores de transporte e indústria, que consomem 65% dos combustíveis fósseis, devem liderar a transição, mas enfrentarão obstáculos. Reduzir as emissões é imperativo, assim como capturar o carbono da atmosfera, através de iniciativas como o mercado de carbono e replantio florestal.
Soluções inovadoras, como o uso de biochar e a produção de hidrogênio renovável, estão sendo exploradas. A conclusão de projetos como Angra III e o aproveitamento do potencial hidrelétrico também são essenciais. Empresas de petróleo podem contribuir para a transição ao diversificar suas operações para incluir combustíveis renováveis. Embora a transição energética apresente desafios, ela oferece oportunidades de inovação e emprego, além de ser fundamental para a sustentabilidade econômica e ambiental do Brasil. Ignorar essa mudança acarretará custos inaceitáveis no futuro.
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