Brasil tem veículos híbridos, só faltam incentivos ao uso do etanol

Carro híbrido da Toyota, cujo motor a combustão pode ser abastecido com etanol;
85% da frota brasileira pode receber o combustível – Werther Santana/Estadão

O consumidor brasileiro ainda prefere abastecer seu veículo flex com gasolina e as razões estão nas vantagens de preço e desempenho por litro. A reportagem do jornal Estadão afirma que há 40 milhões de carros de passeio em circulação, sendo 85% flex. Desse total, só 30% a 40% são abastecidos com etanol. As razões pela escolha do consumidor estão na ausência de vantagem financeira em seu uso.

O consumo dos motores flex com etanol também é maior, sendo que um litro de etanol rende 30% menos do que a gasolina, quando se trata de consumo do motor, levando o motorista a abastecer mais vezes. O setor de transporte é responsável por 13% das emissões totais de poluentes no Brasil, e os automóveis participam com cerca de 40% desse total.


Equalizar o aumento do consumo de etanol e o aumento da produção por parte das usinas seria o “melhor dos mundos”, com vistas às metas de descarbonização para 2030, pois os recursos já estão aí, com os motores flex de linha.

Nos novos projetos das montadoras previstos para a data, há estudos para reduzir essa diferença, mas por ora, apesar do uso do etanol ter sua importância para a descarbonização dos automóveis, o governo brasileiro não tem um programa para incentivar o consumidor a colocar combustível sustentável no tanque do carro. Mesmo com versões híbridas flex, a tendência é o consumidor continuar abastecendo com gasolina, como faz hoje com os carros flex normais.

Questionada sobre o tema, a diretora do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Margarete Gandini, diz que “a política de preços do etanol é definida pelo mercado”. A tarifa envolve diversas variáveis como paridade com a gasolina, entressafra, valor do açúcar e clima. Embora não tenha um programa voltado diretamente ao consumidor, Margarete ressalta “que o governo tem várias políticas para incentivar o uso do etanol e de outras tecnologias sustentáveis, entra elas o Mover (programa de incentivo às montadoras para a produção de veículos eletrificados) e o PL do Combustível do Futuro.”


Íntegra da matéria: Estadão (para assinantes)