Por Fernanda Pressinott
O número de fusões e aquisições no agronegócio brasileiro aumentou 125% nos nove primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo intervalo de 2023. Foram nove operações até setembro, sobretudo no segmento de fertilizantes e açúcar e etanol — um ano antes, haviam sido apenas quatro. Os dados constam de estudo realizado trimestralmente pela KPMG que considera 43 áreas da economia brasileira.
As transações envolvendo a área de fertilizantes cresceram 75%, para sete operações. Já no caso de usinas, foram duas; um ano antes, não houve negócios no segmento.
“As indústrias de fertilizantes e de bioenergia se destacaram mais uma vez entre as fusões e aquisições no agronegócio do Brasil, como esperado. Ambos são intensivos em capital e a conjuntura de elevado custo de capital no país, aliada às perspectivas promissoras de crescimento para ambos os mercados, favorecem as transações”, analisa Giovana Araújo, sócia da KPMG.
Segundo ela, “as fusões e aquisições no segmento de fertilizantes sinalizam posicionamento estratégico em portfólio de produtos sustentáveis, como bioinsumos e organominerais, uma tendência que se consolida. No caso da bioenergia, as transações mostram apetite renovado de investimento e expansão por grupo relevantes e sólidos no segmento”.
Das fusões e aquisições concretizadas, de acordo como levantamento, cinco foram domésticas, ou seja, realizada entre empresas brasileiras; duas envolveram estrangeiros adquirindo capital de companhia estabelecida no país; uma foi feita por brasileiros comprando de estrangeiros empresa estabelecida no Brasil; e uma concretizada por estrangeiro adquirindo, de estrangeiros, capital de empresa estabelecida no Brasil.
Entre as mais conhecidas, a britânica BP comprou 50% da Bunge na joint venture BP Bunge Bioenergia no Brasil, em junho. E a gestora Aqua Capital assumiu o controle da Solubio, do mercado de agricultura regenerativa, por R$ 100 milhões, em agosto.
No começo do ano, a empresa israelense de minerais e fertilizantes especiais ICL comprou a brasileira Nitro 1000, por US$ 30 milhões. Em agosto, a Agrion acertou captação de até US$ 50 milhões com o Fundo Global para Recifes de Corais, que tem como principal cotista o Green Climate Fund (GCF), e o fundo americano Pegasus entrou como minoritário.
No mesmo mês, o Agrogalaxy — hoje em recuperação judicial — aumentou sua participação de 80% para 90% na Agrocat, de insumos.
A pesquisa da KPMG apontou que foram realizadas 1.196 operações de fusões e aquisições em todos os setores da economia de janeiro a setembro deste ano, um aumento de 5% em comparação com o mesmo intervalo de 2023 quando foram concretizadas 1.142 transações. Os setores que mais se destacaram foram tecnologia da informação com 355 operações, empresas de internet, com 199 e instituições financeiras, com 68 negócios concretizados.
A lista formada pelos setores que mais se de destacaram, nos nove meses deste ano, ainda contempla as seguintes áreas: companhias de energia com 51; serviços para empresas, 41; imobiliário, 39; alimentos, bebidas e fumo, 37; telecomunicações e mídia, 29; educação, 24; e produtos químicos e farmacêuticos, 23.
Fonte: Globo Rural