
O mercado global de óleo de soja pode passar por uma reviravolta a partir das mudanças propostas pelo governo dos Estados Unidos no mandato de biodiesel. Segundo o boletim Agro Mensal de junho da Consultoria Agro do Itaú BBA, o país norte-americano caminha para ampliar a mistura obrigatória de biocombustíveis, além de restringir o uso de matérias-primas importadas, medidas que devem estimular a demanda doméstica por óleo de soja e favorecer o esmagamento.
A proposta prevê que os mandatos de mistura deixem de ser apresentados em volumes e passem a ser expressos em RINs (Renewable Identification Numbers), certificados atribuídos a cada galão de biocombustível produzido e utilizado para transporte. Pela nova regra, biocombustíveis originados de matérias-primas importadas, como óleo de cozinha usado da China ou sebo bovino do Brasil, gerariam apenas metade da quantidade de RINs em relação aos produzidos com insumos locais.
Caso o projeto seja aprovado, o cenário aponta para um aumento dos preços do óleo de soja e, como consequência, maior rentabilidade para a indústria de esmagamento nos Estados Unidos. Com a expectativa de margens mais atrativas, o setor deve intensificar o processamento de soja no próximo ano.
Na Argentina, o foco segue na corrida do produtor para comercializar a soja antes da retomada da alíquota cheia das retenciones (imposto de exportação). Até o final de junho, os agricultores aproveitam a redução temporária da taxa para 26%, patamar que será revertido para 33% no dia 30. O ritmo de vendas é forte: já foram comercializadas cerca de cinco milhões de toneladas no mês, o que representa quase 10% da safra. A expectativa é que, com o fim do benefício para a soja, a comercialização do milho ganhe tração no país vizinho.
Esses movimentos nos dois principais players da América do Sul e do Norte colocam o óleo de soja no centro das atenções do mercado de grãos, com reflexos potenciais nas cotações e no equilíbrio global entre oferta e demanda.
Fonte: O Presente Rural