Por Camila Souza Ramos
A Science Based Targets initiative (SBTi) validou as metas de descarbonização da companhia francesa Tereos, de açúcar, amido e bioenergia. A companhia, que é uma das principais players no setor no Brasil, foi a primeira produtora de açúcar a ter suas metas climáticas validadas cientificamente.
A adesão ao SBTi significa que a companhia quer neutralizar suas emissões até 2050. Para isso, a companhia comprometeu-se a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa dos escopos 1 e 2 (referentes às que ocorrem em suas indústrias) até 2030 em 65% na França e em 50% globalmente. Para isso, Tereos planeja um investimento de cerca de € 800 milhões em 78 projetos em suas 16 unidades industriais no mundo.
Para as emissões do escopo 3 (relacionadas a atividades como de logística e excluindo as emissões das lavouras), a Tereos estabeleceu uma meta de corte de 36% até 2030.
Para as emissões que ocorrem na agricultura nos escopos 1 e 3 (em suas próprias operações em de fornecedores), a companhia estabeleceu a meta de reduzir as emissões em 36% até 2030. A companhia também comprometeu-se a acabar com qualquer desmatamento em sua cadeia até 2025. Essas metas integram o programa Forest, Land And Agriculture (FLAG) da SBTi de compromissos para empresas intensivas em terras.
“Este passo confirma a seriedade com que levamos esse compromisso. Nossa contribuição para o cumprimento do Acordo de Paris se reflete em grandes mudanças em toda a nossa organização”, afirmou Olivier Leducq, CEO global da Tereos, em nota.
Para reduzir sua pegada industrial no Brasil, a companhia conta com investimentos como o uso da vinhaça (resíduo da produção de etanol) para produzir biogás e biometano. A companhia começou a produzir biogás em 2022 em sua usina em Olímpia (SP) e vem testando o uso de biometano em sua frota pesada. A companhia quer abastecer todos os seus caminhões com biometano até 2030.
A companhia também vem renovando sua frota de caminhões com veículos que emitem menos e está usando diesel aditivado (menos poluente e mais eficiente). Em outra frente, a companhia realiza o acompanhamento em tempo real de suas operações agroindustriais para melhorar a eficiência.
Segundo a Tereos, essas medidas fizeram com que, em 2023, a empresa deixasse de emitir 9 mil toneladas de CO2, ao deixar de consumir 3,4 milhões de litros de diesel.
Na frente agrícola, a companhia aposta em práticas regenerativas, como uso de fertilizantes orgânicos no lugar dos adubos minerais nitrogenados. A companhia disse que está estudando o uso de fertilizantes de baixa emissão e “potenciais parcerias em fertilizantes verdes”.
“Nosso negócio em si já tem uma pegada de carbono mais baixa em relação a outras culturas, dada a lógica da economia circular da cana-de-açúcar, e seguimos buscando novas oportunidades para continuar reduzindo nosso impacto no meio ambiente, alinhadas com as nossas metas globais de descarbonização”, afirmou Pierre Santoul, diretor-presidente da Tereos no Brasil, em nota.
Fonte: Globo Rural