
O cenário para o Renovabio em 2025 revela expectativas frustradas e ajustes no mercado de CBios. Isto porque, a tão aguardada normatização da Lei 15.082/2024, que traria penalidades mais rígidas para as distribuidoras, foi adiada após parecer da AGU determinar que as novas regras só valerão a partir de 2026. Com isso, segundo o último relatório do Itaú BBA, o programa segue em 2025 sob as mesmas regras, dando mais tempo para as empresas se adequarem.
Enquanto isso, os preços dos créditos de descarbonização caíram 8,5% em março, fechando o mês em R$ 68,9 por CBio, reflexo de um estoque final estimado em 21,7 milhões de créditos – acima dos 16,4 milhões do ano anterior.
A ANP divulgou números importantes sobre os contratos de longo prazo, que garantem descontos nas metas individuais das distribuidoras. Em 2025, esses descontos somaram 1,5 milhão de CBios, com previsão de subir para 2,2 milhões em 2026. No entanto, as metas definitivas para este ano ficaram abaixo do esperado: 38,9 milhões de CBios, contra os 40,4 milhões da meta compulsória. Quando somadas às pendências não cumpridas, o total chega a 49,4 milhões, ainda assim menor do que os 51 milhões que o mercado projetava.
No front de negociações, março registrou volume de 7,63 milhões de CBios negociados, queda de 15% ante fevereiro, mas alta de 6% em relação ao mesmo mês de 2024. O acumulado do ano, porém, está 7% abaixo do período anterior, com 23,2 milhões de créditos movimentados. Já as emissões ficaram 3% menores que em 2024, embora tenham subido 8% frente a fevereiro, totalizando 3,7 milhões de CBios no mês.
Um movimento que chamou atenção foi a aposentadoria de 1,8 milhão de CBios em apenas um dia, no início de março. “O volume é equivalente à meta anual de uma grande distribuidora que estava inadimplente, levantando especulações sobre um possível retorno dela ao mercado. Se as cinco maiores empresas com pendências regularizarem suas situações, um terço do volume atrasado pode ser normalizado ainda em 2025”, disseram os especialistas do Itaú BBA em relatório.
Com os prazos de comprovação de metas agora fixados em 31 de dezembro – e não mais em março do ano seguinte –, o programa segue seu curso, mas com desafios pela frente. “O estoque atual, majoritariamente nas mãos dos emissores (67%), mostra um mercado em ajuste, enquanto as distribuidoras se preparam para as novas regras que virão em 2026. Os dados reforçam a complexidade do RenovaBio, que, mesmo com avanços, ainda busca maior estabilidade e adesão plena do setor.”
Fonte: Revista RPA News