
Após resistir à pressão de queda no final de junho, quando os preços flertaram rapidamente com patamares abaixo da marca dos 16 centavos, o mercado de açúcar agora começou a enxergar algumas peças que não se encaixam muito bem nesse quebra-cabeça, que é o de decifrar o futuro do comportamento dos preços.
Se de um lado há preocupações sobre o atraso no ritmo de moagem no CS do Brasil, combinado com níveis frustrantes de ATR, o que também tem retardado as entregas de açúcar pelas usinas da região, há do outro lado a comunidade especulativa ainda administrando uma posição razoável de venda líquida em NY.
Os fundos e os pequenos especuladores voltaram a ampliar sua posição de venda líquida no mercado de açúcar bruto de NY, de 125.081 lotes em 29 de julho, para 151.004 lotes em 05 de agosto, a maior posição de venda líquida desde novembro de 2019.
A posição baixista dos fundos no mercado de açúcar coincide justamente em um momento em que os estoques estão mais apertados – conforme estimativa da DATAGRO, a relação de estoque/consumo mundial de açúcar deve cair para 41% no final do ano comercial de 24/25 (Out/Set), o menor nível em 15 anos, fruto de três anos consecutivos de déficit no balanço mundial.
Intuitivamente, somos levados a compreender que o mercado estaria à beira de uma reação mais construtiva para os preços.
Contudo, o mercado segue andando de lado em NY. Esse movimento de zigue-zague sugere que o mercado ainda não encontrou uma nova direção, a despeito dos sinais preocupantes sobre a safra 25/26 no CS do Brasil.
Dinâmica do Mercado de Açúcar e Commodities
Ocorre que a capacidade do CS do Brasil de exportar açúcar, com embarques mensais de 3 a 3,5 milhões de toneladas, tem acalmado os compradores quanto ao senso de urgência para recompor os estoques.
Porém, quanto mais os preços permanecerem de lado, maior é o risco de que as usinas possam eventualmente mudar de foco no mix de produção.
Por Datagro
Fonte: Jornal Cana