Por Camila Souza Ramos
O Grupo Mafra, que possui atividades agropecuárias no Pará, uniu-se à sucroalcooleira CMAA, de Minas Gerais, para um investimento de R$ 2 bilhões em uma das primeiras usinas de etanol de milho e de sorgo da Região Norte do país. O empreendimento será, no município de Redenção, no sudeste do Pará, e inclui um confinamento (boitel), que absorverá parte da produção de farelo de milho.
A Grão Pará Bioenergia, joint venture criada pelas duas empresas, deve realizar o investimento em três fases, com previsão de conclusão em 2029. A primeira fase da indústria deverá demandar um aporte de R$ 600 milhões, com entrega prevista em 2025.
A entrada do etanol de milho no Norte acompanha os investimentos que os produtores rurais da região têm feito para converter pastos degradados em lavouras de grãos, disse Carlos Mafra, acionista do Grupo Mafra e diretor financeiro da joint venture.
“De uns anos para cá, a região como um todo está convertendo áreas de pastagem para agricultura. E o Pará tem uma característica interessante, que é a aptidão para duas safras. Tem clima para isso”, disse. A conversão de pastos degradados exige investimentos hoje que variam de R$ 8 mil a R$ 10 mil por hectare, afirmou à reportagem.
O próprio grupo de sua família, presente no Pará há 20 anos, vem fazendo essa transformação em suas áreas, que somam 150 mil hectares na região de Redenção, e deve fornecer milho para abastecer a nova usina.
Nesta safra, o Grupo Mafra já destinou 10 mil hectares para o cultivo de soja no verão e milho na safrinha, e no próximo ciclo deve aumentar para 15 mil hectares. Até 2028, o grupo pretende ampliar a área de grãos para 60 mil hectares, enquanto mantém suas atividades pecuárias.
Na primeira fase do investimento na usina, a planta terá capacidade para produzir 106 milhões de litros de etanol ao ano, o que deve demandar cerca de 40 mil hectares de milho para abastecer a indústria, considerando a produtividade média da região.
Na segunda etapa, que deve ser entregue em 2027, a capacidade será de 212 milhões de litros por ano, e na terceira, de 430 milhões de litros por ano. Nessa última fase, o consumo da usina será de 1,1 milhão de toneladas de milho ao ano, o que deve demandar uma área de 180 mil hectares de cultivo com o grão.
Ainda que a oferta de milho seja equacionada, a Grão Pará Bioenergia terá que construir mercado para vender seu etanol. A demanda de etanol hidratado no Pará foi de 547 milhões de litros em 2023, pouco mais do que a capacidade que a usina terá em sua fase final. Carlos Mafra acredita que, com a oferta adicional, o biocombustível ficará mais competitivo, o que aumentará o consumo do produto. Ele também vê possibilidades de entregar o etanol em outros Estados do Norte e do Nordeste.
Já o farelo de milho deverá abastecer o confinamento que a joint venture construirá, além de atender o mercado da região.
Fonte: Globo Rural