A sucroalcooleira São Martinho encerrou o terceiro trimestre da safra 2023/24 com lucro líquido de R$ 210,6 milhões, o que representou uma queda de 51% em comparação com o mesmo intervalo do ciclo anterior.
A antecipação do recebimento de precatórios da Copersucar em 2023, que normalmente aconteceria no terceiro trimestre, mas que ocorreu no segundo, explica a queda do resultado, disse à reportagem o CEO da empresa, Fábio Venturelli. Quando a antecipação ocorreu, lembra ele, o lucro da São Martinho chegou a dobrar.
“Se olharmos para os nove meses da safra, a companhia ainda tem uma lucratividade acumulada quase em linha com o ano passado (2022/23), com queda de apenas 1,7%, mesmo em um momento muito pressionado pelos preços do etanol”, ressaltou o executivo. O lucro acumulado na temporada é de R$ 849 milhões.
No terceiro trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da companhia recuou 9,2%, para R$ 703,8 milhões. A queda dos preços e dos volumes de comercialização de etanol pesou sobre os resultados, que foram parcialmente compensados pelo desempenho do açúcar. Também pesou sobre o Ebitda o aumento de custos no trimestre, de 7,2%, decorrente da extensão do período de moagem até dezembro.
A receita líquida, por sua vez, cresceu 4,9% no terceiro trimestre da temporada, para R$ 1,6 bilhão. Só com a venda de açúcar, a receita da São Martinho foi de R$ 829,2 milhões no período, um montante 43,5% maior do que o do mesmo trimestre do ciclo anterior. Na comparação entre os trimestres, preços aumentaram 23,1% e o volume de comercialização, 16,6%.
“O açúcar está em um cenário positivo de preços”, afirmou o CEO. Para Venturelli, a safra que está se desenhando para 2024/25 no Centro-Sul será menor do que a da atual temporada, com possível efeito do fenômeno climático La Niña, “o que deve levar a uma precificação melhor” dos subprodutos de cana, segundo ele.
A empresa sinalizou que, em 31 de dezembro de 2023, as fixações de preço de açúcar para a safra 2023/24 totalizavam 386 mil toneladas, a um preço em torno de R$ 2.608 por tonelada. Já para a safra 2024/25, estavam fixadas, na mesma data, 503 mil toneladas de açúcar a R$ 2.694 por tonelada.
No caso do etanol, a receita com as vendas do biocombustível no terceiro trimestre caiu 27,2%, para R$ 621,6 milhões, refletindo a diminuição dos preços e dos volumes, que recuaram 23,6% e 4,7%, respectivamente. O consumidor não estava olhando com tanta atenção para o diferencial de preços do biocombustível em relação à gasolina, afirmou o executivo.
Venturelli acredita, no entanto, que agora a população está mais atenta às vantagens comparativas do etanol, o que coloca o segmento em um momento um pouco mais favorável. Soma-se a isso, como um elemento com potencial de ajudar na recuperação nas cotações, a perspectiva para a oferta, que possivelmente vai cair na próxima temporada.
O diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Felipe Vicchiato, acrescentou que a São Martinho passou a operar com capacidade plena na produção de etanol de milho em dezembro. Segundo ele, após a companhia adquirir o insumo a um valor mais alto em 2023, ela espera encontrar o cereal mais barato neste ano, o que tende a melhorar a rentabilidade.
Fonte: Globo Rural.