JBS Biopower lidera produção de biodiesel no Brasil com sebo e óleo usado

Ponto de abastecimento da Biopower, da JBS, responsável pela produção de biodiesel,
com duas bombas dedicadas ao B100 com capacidade para 30 mil litros
Foto: Divulgação/JBS Biopower

Empresas brasileiras transformam resíduos como bala, macarrão, caroço de açaí e sebo animal em biocombustíveis, reduzindo poluição, atraindo investimentos e criando novas fontes de renda.

O reaproveitamento de resíduos industriais tem ganhado força como estratégia para reduzir custos, emissões e dependência de combustíveis fósseis no Brasil. Companhias de setores distintos, da indústria alimentícia à petrolífera, têm desenvolvido projetos capazes de transformar materiais antes descartados em fontes de energia.

A Ambipar, especializada em soluções ambientais, encontrou no aumento do preço do etanol uma oportunidade para explorar novas rotas de produção. Em parceria com a Mondelez, a empresa passou a coletar itens vencidos e contaminados, como doces, pães, chocolates e massas. Cada tonelada de resíduos pode gerar até 400 litros de etanol. O combustível abastece a frota própria e garante uma redução de 90% nas emissões, além de economias mensais relevantes.

Outro exemplo vem da Solar Coca-Cola, que utiliza caroços de açaí descartados como combustível em suas caldeiras em Belém. O reaproveitamento já evitou o descarte de mais de 10 mil toneladas do insumo e criou uma fonte adicional de renda para produtores locais do Pará. Apenas em 2024, foram recuperados mais de 2 milhões de quilos, reforçando o elo entre sustentabilidade e impacto social.

Na indústria de carnes, a JBS criou a Biopower, hoje uma das maiores produtoras de biodiesel do país. O insumo vem do sebo de bovinos, de resíduos de aves, suínos e até de óleo de cozinha usado. A produção anual supera 900 milhões de litros, com aproveitamento de até 99% do animal abatido. O combustível é utilizado inclusive na própria frota, em substituição ao diesel convencional, sem perda de desempenho e com ganhos ambientais significativos.

A Petrobras também investe na ampliação do rerrefino de óleos lubrificantes usados, recolhidos em concessionárias e indústrias para reprocessamento em Duque de Caxias. O potencial do setor é grande, já que 20% a 25% do mercado de óleos básicos no Brasil vem dessa modalidade. A meta da estatal é ampliar a produção em até 6,3 mil barris por dia, reduzindo importações e fortalecendo a cadeia nacional.

A Ambev, por sua vez, aposta no biogás e no biometano como fontes renováveis de energia. Em parceria com a Gás Verde, transforma resíduos de aterros sanitários em combustível para as caldeiras de fábricas como a de Cachoeiras de Macacu, no Rio de Janeiro. A cervejaria também reaproveita resíduos contaminados, como solventes e tintas, enviando-os para coprocessamento em indústrias cimenteiras e químicas, evitando a incineração.

Na Nestlé, a inovação também se traduz em energia. Em Araras, a borra de café é usada para gerar vapor no processo de produção do Nescafé. Já em Araçatuba e Caçapava, o biometano de resíduos orgânicos e cana substitui o gás natural. O plano prevê R$ 7 bilhões em investimentos até 2028, com novas fábricas em Minas Gerais adotando a mesma estratégia a partir de 2026.

Por Alan Corrêa

Fonte: Carro Blog