IPI Verde prejudica autos chineses

Linha de produção dos motores turbo do grupo Stellantis, em Betim (MG) – Divulgação

Carros híbridos à gasolina e modelos flex convencionais terão de pagar mais impostos assim que o Programa Mover (Mobilidade Verde) for publicado. A regulamentação deve ser publicada ainda esta semana e no aguardo das novas medidas, as montadoras se preparam para campanhas de vendas sob as novas diretrizes. O anúncio deverá ser feito pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), pasta sob a responsabilidade do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Portanto, carros que podem rodar com etanol, independente do desempenho do motor, terão os maiores benefícios.

Na reportagem da Folha de S. Paulo, assinada  pelo colunista Eduardo Sodré, publicada no último sábado, 17/02, consta que os modelos híbridos flex poderão pagar menos imposto que os carros 100% elétricos —medida que, em um primeiro momento, beneficia a Toyota. A marca japonesa é a única que possui essa opção: as versões Hybrid da linha Corolla, nas carrocerias sedã e Cross.

É claro que o objetivo da normativa é privilegiar as energias renováveis, porém, algumas montadoras, especialmente, as chinesas, apontam discrepâncias. BYD e GWM, que iniciarão a produção no Brasil nos próximos 24 meses, ainda não oferecem modelos capazes de rodar com etanol, portanto se tornarão menos competitivas diante das empresas que já produzem no país. Além disso, as novas regras de tributação se somam à retomada gradativa do Imposto de Importação.

Outro ponto que está sendo questionado é a tributação com base na potência dos motores. Por exemplo: um carro com 200 cv de alta eficiência energética estará sujeito a uma alíquota mais alta do que a de um modelo da mesma categoria com 150 cv.

ENTENDA O PROGRAMA MOVER

Publicado em 30 de dezembro, o Mover (Mobilidade Verde) reúne as regras de eficiência energética para a indústria automotiva. É a continuação do programa Rota 2030.

A meta é reduzir em 50% as emissões de carbono até 2030. Então,  os carros terão de ficar mais econômicos e menos poluentes.

Há também exigências ligadas ao aumento da segurança dos veículos novos.

Um dos conceitos adotados nesta primeira fase é a medição do poço à roda. Essa regra favorece os carros movidos a etanol, que absorvem o CO2 no processo de cultivo da cana-de-açúcar.

A partir de 2027, será adotado o critério “do berço ao túmulo”, verificando as pegadas de carbono dos componentes em todas as etapas de produção e no descarte do veículo.

Empresas que aderirem ao programa terão acesso a R$ 19,3 bilhões em créditos financeiros distribuídos da seguinte forma: R$ 3,5 bilhões em 2024, R$ 3,8 bilhões em 2025, R$ 3,9 bilhões em 2026, R$ 4 bilhões em 2027 e R$ 4,1 bilhões em 2028.

Fonte: Folha de S.Paulo